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6ª edição – Poesia: “TRIÂNGULO” – por Marcelo Motta

TRIÂNGULO
por Marcelo Motta

O baricentro encontrava-se numa festa…
na casa dos seus parêntes(es),
Não estava mais feliz do que as lacunas,
Mas, de repente, seus olhos viram uma beleza numeral.
Então ele se aproximou pela linha da tangente
Da doce e senoidal Bissetriz…
Ela, Bia, usava uma minissaia triangular,
Tinha a boca multiforme de aspecto elíptico.
E os seios de formato regular.
Já a havia antes, próximo da região triangular…
Na esquina da paralela com a transversal,
Ela, porém, estava acompanhada do seu amante,
Este tinha o corpo truculento, todo diagonal.
A partir daquele instante, seu coração linear
Apaixonou-se pela encantadora e curvilínea Bissetriz,
Ele, nada modesto, sexualmente dizia-se uma potência…
Casaram e foram morar na primeira zona perpendicular,
Até que tiveram como filhos, uma raiz, uma fração,
Duas percentagens, e a caçula: a solução.
Era o que era, e assim continuou seno.

Viviam numa constante, buscando sempre um ponto de interseção.
Ela sonhava com uma sem que fosse preciso dividir a parte pelo todo…
Mesmo que a largura não fosse compatível com o comprimento.
Ele lembrou-se que quando criança ia muito ao círc(ul)o
E só o fazia por causa do palhaço e do trapézio.
Contudo, ela não sabia que ele a traía com a Matriz,
Surgindo assim, um complicado triângulo amoroso.
Nisso, ela sentiu sua vida fracionada.
Até que a sua amante exigiu a separação.
Esta discussão rendeu e se propagou,
Até que, ela, pobre matriz, se suicidou,
Pulando de um penhasco no Vale das Equações.
Agora era a vez da Hipotenusa
Sofrer nas mãos do seu machismo matemático.
Seus irmãos a apoiavam, entre eles, os catetos .
Ele voltou a procurar a linha da tangente,
Mas até seu cunhado, o outro, o oposto,
Estava contra ele, assim como o adjacente.
À duras penas fez-se um marido sem mais adições à sua vida.
E não mais dividido e divisível como o M.D.C.
E a levou à praia dos números na sua variante,
Aliás, tinha três: a X, a Y e a Z.
E a afogou no mar dos quadrantes.
Ao se apresentar não criava polinômios
Enfim, tomou uma atitude radical. E buscou sua reta.
Seu nome era um perfeito binômio

Tinha uma fórmula para tudo, uma assemelhava a de delta.
Até que um dia, finalmente, morreu sozinho no infinito.

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Renato Cardoso

Renato Cardoso é casado com Daniele Dantas Cardoso. Pai de duas lindas meninas, Helena Dantas Cardoso e Ana Dantas Cardoso. Começou a escrever em 2004, quando mostrou seus textos no antigo Orkut. Em 2008, lançou o primeiro volume de “Devaneios d’um Poeta” e em 2022, o volume II com o subtítulo "O Rosto do Poeta". Graduado em Letras pela UERJ FFP e graduando em História pela Uninter. Atua como professor desde 2006 na rede privada. Leciona Língua Inglesa, Literatura, Produção Textual e História em diversas escolas particulares e em diversos segmentos no município de São Gonçalo. Coordenou, de 2009 a 2019, o projeto cultural Diário da Poesia, no qual também foi idealizador. Editorou o Jornal Diário da Poesia de 2015 a 2019 e o Portal Diário da Poesia em 2019. É autor e editor de diversos livros de poesias e crônicas, tendo participado de diversas antologias. Apresenta saraus itinerantes em escolas das redes pública e privada, assim como em universidades e centros culturais. Produziu e apresentou o programa “Arte, Cultura & Outras Coisas” na Rádio Aliança 98,7FM entre 2018 e 2020. Hoje editora a Revista Entre Poetas & Poesias e o Suplemento Araçá.

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