16 horas de escritaEzequiel Alcantara

Projeto 16 horas de escrita – Poema: “Apesar da Distância” – Ezequiel Alcântara

Projeto em homenagem ao Dia Mundial da Poesia

Apesar da Distância

Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares
Que apesar dos pesares
Me trazem você

Vinícius de Moraes

 

Minha querida e amada Angelus Nigrum, estou escrevendo para você, pois senti muitas saudades suas. Dias atrás, andei lendo alguns livros de poesia, muito bons, por sinal. Sei que não sou o melhor leitor que há no mundo, mas tentei (e continuo tentando) fazer da leitura uma rotina prazerosa. Ó minha Anjinha, deparei-me com um livro e lembrei de você na hora — era do mesmo tipo do que lhe dei de presente, daquele poeta, você lembra?! Pois bem, foi uma leitura apaixonante! Era como se você estivesse ali comigo compartilhando sentimentos.
Bem, minha amada Musa, talvez você possa achar que eu esteja exagerando nas coisas que falo, e que tudo não passa de um mero clichê qualquer, tão típico de conquistadores baratos. Mas saiba que não sou dessa laia nem quero ser visto dessa forma. Não quero agir dessa maneira nem gosto de atitudes assim. Saiba que prezo sempre por ser fiel àquilo que expresso e sinto verdadeiramente. Talvez você já tenha percebido isso no último poema que dediquei a você, meu bem.
Olha, devo confessar umas coisas para você: eu ando vivendo por aqui sem muito fulgor, desanimado para algumas coisas. Até andei desistindo de escrever uns sonetos… uma pena! Pois sei que você ama ler os que escrevo. Sabe, é que não ando muito inspirado ultimamente. Tenho até boas ideias, planejo tudo, do título ao final, mas meus sentimentos não andam querendo desmaiar sobre os meus escritos. Certas vezes olhei para o céu, senti a brisa fresca da tarde, tomei meu delicioso café, e o meu peito, apertado, chorou. Mas nada saiu para o papel, apenas algumas lágrimas minhas. Fiquei muito frustrado depois disso e fui, novamente, guardar meu caderno.
Passei uns momentos complicados aqui. Andei sendo humilhado e acusado de não ter nenhum valor ou perspectiva de vida. E o pior das minhas amarguras foi chegar à conclusão de que dói muito (e como dói) amar e não ser amado, não receber a mesma troca de sentimentos. Foi terrível! Só meu coração sabe o que senti. Cheguei a andar pelas ruas sem rumo, apenas para distrair a mente. E por onde andei, tentei aparentar que tudo estava bem. Peço que você não se preocupe com isso, pois já passou, e estou aprendendo a lidar aos poucos com essas coisas do amor que se desfaz. Mas quero que você saiba: nos momentos ruins, quem me salvou foi você. Sempre que me aconteceu algo desagradável nesses dias, pensar em você me acalmou, trouxe carinho ao meu ser. Relembrei — e continuo sempre a relembrar! — dos seus lindos olhos, o seu jeitinho carinhoso e a forma empolgada que você tem de contar sobre o seu dia. E não podia deixar de citar o seu sorriso. Tão belo como uma lua pálida minguando pelo horizonte anoitecido!
Pois é, apesar da nossa distância (que é tão grande…), sinto você aqui perto de mim, me animando a cada lembrança, me fazendo sorrir de novo. Não canso de lembrar daquela nossa despedida. É como se eu estivesse envolvido carinhosamente, mais uma vez, nos seus braços. Me sentindo aconchegado e amado, querendo mais e mais do seu calor. Sua voz doce, no meio daqueles beijos inesquecíveis, suave-ardentes, permeia o meu ser. E a sua feição na nossa despedida, entre os “tchaus” demorados, floresceram em mim esperanças de um possível reencontro entre o Servo e sua Deusa.
Bem, preciso ir dormir, a madrugada está quase acabando, e já vejo, pela minha janela, um pouco dos primeiros raios de sol. Estarei aqui esperando notícias suas. Espero que você esteja bem, minha amada Angelus. Sinto saudades de você.
Receba os beijos, com todo amor e carinho, do seu estranho poeta,

Ezequiel Alcântara.

São Gonçalo, 18 de Dezembro de 2020.

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Ezequiel Alcantara

Olá, sejam todos bem vindos ao meu recanto poético! Me chamo Ezequiel Alcântara Soares, nasci em 28 de Julho de 2000 na cidade de Reriutaba no Ceará, onde me criei e vivi na comunidade de Riacho das Flores até o dia em que tive que deixar meu "torrão natal" e viver em São Gonçalo - RJ. Bem, sou apenas um ser humano, que foi se construindo ao longo do tempo, assim como uma colcha de retalhos, formado por luzes e trevas. Desde criança brilho o olhar pela poesia e pela escrita, com muito amor e carinho, o que resultou em cordéis publicados, participação em antologias poéticas e diversos escritos. Faço graduação em Filosofia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e sou membro da União Brasileira de Trovadores (UBT) seção São Gonçalo. Este recanto visa apresentar poesias e textos que inspirem, através de minha poética, o mais nobre que há nos sentimentos humanos e que transcrevam, sutilmente, as estações do coração. Aproveitem! Que possamos amar profundamente, sejamos poesia!

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