Abandono
Abandono
Pois é velha cadeira amiga
O café mais uma vez tem gosto amargo,
E eu só vejo essas paredes, delas sinto fadiga…
Mais uma vez cedo tenho acordado
E nem minhas músicas posso ouvir,
Meu bendito rádio continua quebrado…
Sento e penso o quão monótono isto é,
Continuo vendo paredes cinzentas e quadros amarelados.
E horas eu passo sentado ou em pé…
Todo santo dia eu tenho ficado só.
Há muito não converso com ninguém,
Não sou rabugento quanto alguns pensam…
Ah, deixa pra lá, já se esqueceram de mim mesmo,
E deles, aos poucos, eu vou esquecendo.
É… só você que sobrou querida amiga,
Não tenho mais ninguém com quem conversar…
“Vai ser incrível pro senhor, lá têm vários idosos.
O senhor com certeza irá gostar!”
Foi isso o que me falaram…
E desde então… já estou batendo os Noventa.
Outros velhos por aqui? Aos poucos cada um padeceu…
Foi o saudoso Antônio… meu amigo chegava aos Sessenta
E os outros que conheci ali, entre os Setenta…
Ô Morte tu és minha inimiga?!
Será que de mim você se esqueceu?
Ai ai, saudade da minha velhinha…
E de tantos e tantos que amei,
Incluindo mesmo aqueles que não me deram valor algum,
Aos olhos deles virei mera sucata…
Enfim cadeira amiga,
Vou tirar mais um cochilo, eu sinto sono…
A dor da saudade, demorou, mas eu aprendi suportar
Mas agora eu só não consigo mais lidar
Com essa cruel dor do abandono…
Ezequiel Alcântara Soares
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