SAUDADES DAQUELA PRAIA DO BARRETO
Série: Histórias do Brasil (Texto XV)
Passei pela contorno ontem cedo e não tive como não recordar. Pois é, incrível como a nostalgia tem lá suas maneiras de me fazer voltar aos tempos de moleque. Isso mesmo, principalmente quando essa lembrança gostosa teve a praia do Barreto como um típico pano de fundo colorido. Você duvida? Acredita mesmo que estou inventando? Vem comigo então nessa viagem do tempo sobre as areias escaldantes da Guanabara.
Creio que eu nem havia completado os oito anos de vida. No entanto, está mais que carimbado nas páginas desse livro chamado experiência. Meu avô e o Fusca amarelo canário. Papai falante por causa das duas ou três doses de cachaça já ingeridas. Mamãe, meu tio e mais dois primos vinham no Maverick possante logo atrás. Ah, que maravilha! Parávamos na pracinha, lá do outro lado do que é hoje a Unidos do Viradouro. Pão com mortadela e refrigerante do tipo Mineirinho, lanche bom, tempo gostoso. Mamãe descascava laranjas pra gente antes de voltarmos pra casa. Confesso que naquela época as águas do Barreto já eram poluídas. Mas a consciência nada sabia disso. Não pegávamos nem micose nos pés. Estaria a imunidade aumentada por causa da nossa alegria? Não sei, confesso nada poder informar sobre isso. Porém, certo é que, por mais que eu tome cuidados hoje em dia com a saúde, qualquer roupa suada já me lança nos poros uma dermatite qualquer. Tempos de preocupação atualmente diminuem a resistência, estresse dia e noite, imunidade baixa. Violência pra todo lado. E no passado havia quase nada disso.
Dizem que, historicamente, o bairro do Barreto constituía logradouro pertencente a um certo frei nomeado José Barreto Coutinho de Azevedo Rangel — daí terem registrado o lugar com o sobrenome importante. Noutra ocasião, li que (antes disso) referiam ao espaço do Barreto com o nome indígena Caboró. Exato, mais um lugar fluminense com nome nativo. Caboró foi registro territorial, segundo o qual designava tipo de capim muito comum na região, capim concorrente ao capim-elefante e ao capim-gordura — e também esses matos se alastravam pelo entorno do lugar, tempos antes da designação em homenagem ao frei. Pois é, caboró, vegetal de alimentar cavalo, quem diria! Virou Barreto por causa do frei.
Para finalizar, necessário reconhecer: deixei de lado as fábricas e empresas importantes, pontos comerciais do Barreto dessa minha memória. Talvez porque a mente da gente escolha coisas mais saudáveis para recordar. Praia, família, sabores diversos. Um passado sem violências. E você, quais as suas boas lembranças sobre o Barreto? Conte pra gente, e seja também autor da sua própria história.