Desabafos & DiscussõesLuiza Moura

Chega de tanta violência!

Pensar sobre a violência nos tempos da pós-modernidade é salutar e contribui para aliviar nossas tensões. Há um pensamento de Mahatma Gandhi, líder pacifista, o qual ficou conhecido mundialmente por sua atuação baseada na desobediência civil não-violenta, como advogado expatriado na África do Sul, na luta da comunidade indígena pelos direitos civis, que diz: “A não-violência absoluta é a ausência absoluta de danos provocados a todo o ser vivo. A não-violência, na sua forma ativa, é uma boa disposição para tudo o que vive. É o amor na sua perfeição. ”

Em suas mais variadas formas de expressão, a violência tem deixado marcas indeléveis no cotidiano das famílias, se constituindo num sério problema de saúde pública, enfrentado historicamente a nível mundial. Diversos estudos sobre o tema, assinalam que o lar acaba sendo o ambiente mais propício para a ocorrência de violência doméstica contra crianças e adolescentes, em especial as meninas.  

O Brasil vive uma situação crítica, com dados alarmantes, sobre a violência sexual de crianças e adolescentes. O Balanço Anual de 2018, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, informou que por meio do Disque 100 (Disque Direitos Humanos), foram recebidas no ano de 2018, 76.216 denúncias envolvendo crianças e adolescentes, sendo 17.093 dos registros referentes à violência sexual.

É uma situação inadmissível, tendo em vista que a grande maioria das ocorrências que envolvem as crianças acontecem dentro do lar, que deveria ser, a priori, o espaço adequado para o acolhimento, o carinho e a proteção das nossas crianças. Há que se fazer algo em prol delas. Urge, por parte da família, da escola, dos órgãos que compõem a rede de proteção social, tanto públicas como as ONG, um despertamento e um enfrentamento dessa triste realidade. Mais políticas públicas são imprescindíveis. Mais amor pelas crianças, também.

A problemática acima nos leva a refletir e a questionar, no afã de exercitar o senso crítico. Quais as causas de tanta violência no mundo? Porque há tanto desamor nos corações das pessoas? O que será do futuro das nossas crianças e adolescentes? O que podemos fazer, a fim de contribuir para uma possível solução desse problema, que tanto inquieta nossa alma? Talvez seja preciso, concordar com William Shakespeare, que disse “O amor não se vê com os olhos mas com o coração”, em outras palavras, entender que os homens estão sofrendo da síndrome do desamor e portanto, estão “desencoraçados” ou sem coração.

Há uma carência de amor e de afeto, nessa época de relativismo moral. Perpassa na sociedade uma nuvem de estranhamento nas relações sociais em geral e para com as crianças, em especial. Essa violência que rouba a infância e castra os sonhos de meninos e meninas, partindo daquelas pessoas tão próximas, nas quais as crianças depositam confiança e amor, é terrível e destruidora. Há uma música do Grupo Legião Urbana, cujo título da letra é: Que país é esse? E essa pergunta ressoa em meu coração, quando me deparo com essa onda crescente de abusos infantis. Inquiro novamente: Que país é esse? Finalizando, afirmo que a dor no peito é grande e ao tecer essas linhas consigo pôr para fora as tensões que sinto, o que me ajudam a lidar melhor com a situação. Deixo aqui, em forma de desabafo e de protesto, o poema Apavorada, de minha autoria. Agradeço a gentileza e atenção da grande poetisa baiana Luiza Moura.

Apavorada

Todas as cenas daquela violência,

Estão escritas, no mármore gélido,

Daquele pueril coraçãozinho.

Tudo o que ocorreu, as cenas

Do ódio e das agressões,

E suas pernas tremiam.

Pavor que toma conta,

Onde a alma se cala e o medo

Se inscreve. Se instala.

Apavorada, ela fecha os olhos

E grita: Socorro! Socorro!

Alguém me ajude aqui.

Cética, sua alma se esvai,

O dia se acinzenta, ao ver,

É o seu tio que está ali.

(Maroel Bispo)

 (Este texto é de Maroel Bispo, poeta, licenciado em Letras, graduando em Psicologia e mebro efetivo da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana.)

Participe também dessa coluna! Envie o seu texto (de desabafo ou reflexão) para o e-mail lmsn_91@hotmail.com ou entre em contato pelo instagram @luiza.moura.ef. A sua voz precisa ser ouvida! Juntos temos mais força! Um grande abraço e sintam-se desde já acolhidos!

Luiza Moura.

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Luiza Moura

Luiza Moura de Souza Azevedo é de Feira de Santana. Enfermeira. Psicanalista e Hipnoterapeuta. Perita Judicial. Mestre em Psicologia e Intervenções em Saúde. Doutora Honoris Causa em Educação. PhD em Saúde Mental - Honoris Causa - IIBMRT - UDSLA (USA); Doutora Honoris Causa em Literatura pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. Possui MBA em gestão de Pessoas e Liderança. Sexóloga; Especialista em Terapia de Casal: Abordagem Psicanalítica. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Especialista em Perícias Forenses. Especialista em Enfermagem Forense. Compositora e Produtora Fonográfica. Com cursos de Francês e Inglês avançados e Espanhol intermediário. Imortal da Academia de Letras do Brasil/Suíça. Acadêmica do Núcleo de Letras e Artes de Buenos Aires. Membro da Luminescence- Academia Francesa de Artes, letras e Cultura. Membro da Literarte- Associação Internacional de Escritores e Artistas. Publicou os livros: “A pequena Flor-de-Lis, o Beija-flor e o imenso amarElo” e "A Arte de Amar. Instagram: @luiza.moura.ef

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