Nosso Cordel

Nosso Cordel – “Incêndio da Boate Kiss – A tragédia que comoveu o Brasil” – João Rodrigues

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Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/velas-cora%c3%a7%c3%a3o-luz-de-vela-1645551/

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Incêndio da Boate Kiss
A tragédia que comoveu o Brasil

A vida é um sopro divino
Deus a soprou em Adão
Quando um dia no Paraíso
Ele tirou o pó do chão
E o transformou em homem
Completando a Criação.

“Crescei e multiplicai-vos!”
Disse então o Criador
Contemplando sua obra
Que fora feita com amor
E a colocou no mundo
Com todo o seu esplendor.

O homem seria eterno –
Era este o plano divino –
Mas ele tinha o pecado
Em seu coração ferino
Desobedeceu a Deus
E fez seu próprio destino.

Então o homem pecou
Seguindo seu próprio norte
Expulso do Paraíso
Partiu em busca da sorte
Já não mais seria eterno
Tornou-se refém da Morte.

Nas Sagradas Escrituras
Está registrada assim
Que o jovem Abel foi morto
Pelo próprio irmão Caim
Sendo esta a primeira vez
Que a vida chegou ao fim.

Desde então a Velha Morte
Tem isso como missão
Chegados o dia e hora
Ela age sem perdão
Assim o terrível Anjo
Cumpre sua obrigação.

A Morte um dia aparece
Esta é a única certeza
Pois ela vem para todos
Do mendigo à realeza
Pra ela não existe classe,
Nem raça, credo ou beleza.

Está em todo lugar
E sempre bem preparada
Com sua foice na mão
Muito firme e amolada
Toda vez que ela aparece
Sempre volta acompanhada.

Pra ela toda hora é hora
Seja de noite ou de dia
Nunca falha em sua missão
É bem calculista e fria
É rainha da tristeza
E terror da alegria.

Certa vez, de madrugada,
Em Santa Maria chegou
Mesmo sem ser convidada
Entrou na Casa de Show
E então tragicamente
Bastantes vidas ceifou.

De maneira inesperada
Chegou à Boate Kiss
Incendiou, lançou fogo,
Agiu do jeito que quis
Num dos maiores incêndios
Já vistos neste país.

Mais ou menos mil pessoas
Se encontravam no local
Jovens universitários
E de uma forma brutal
Se viram encantoados
Na lavareda infernal.

Pegou todos de surpresa
Naquela danceteria
Cobriu-os com o seu véu
Acabando a alegria
Feito uma fera selvagem
Ela gritava e rugia.

Com uma sede assassina
Pela Boate saiu
Espalhando sua fúria
E muitas vidas baniu
Espalhando dor e prantos
Que comoveram o Brasil.

A maioria das vítimas
Habitava na cidade
Elas tinham de 18
A 20 anos de idade
Quase todos frequentavam
Ainda a Universidade.

A juventude na festa
Dançava, amava, bebia
Aproveitando o momento
Curtindo com alegria
Sem jamais imaginar
Que era seu último dia.

No palco a banda tocava
Empolgando a juventude
Que solta, ria e dançava,
Com alegria e saúde
Curtindo o ritmo da noite
Em toda sua plenitude.

Até que o Anjo Mortal
Lançou um bote certeiro
Logo usou o vocalista
Para ser seu mensageiro
Sem querer, incendiou
Aquele ambiente inteiro.

Quando Prometeu roubou
O fogo pra Humanidade
Jamais ele imaginou
Tamanha tragicidade
Que iria acontecer
Nesta pacata cidade.

Ao ver a terrível cena
O grande herói recordou
Quando deu à Humanidade
O fogo que um dia roubou
Então no paço do Olimpo
Arrependido, chorou.

Mas tudo tem duas faces
Uma boa, outra ruim
Eva deu à luz Abel
Mas também teve Caim
O sol anuncia o dia
A noite traz o seu fim.

O Anjo do Apocalipse
Que monta o Negro Cavalo
Da vida é o antagonista
É o príncipe, não vassalo
E do pé da Humanidade
É o seu eterno calo.

Já na alta madrugada
Surgiu igual um dragão
Rosnando e cuspindo fogo
Sem pena e sem comoção
Lançando aos jovens o fim
Sem desculpas, sem perdão.

Mais de duzentas pessoas (242)
Perderam, no dia, a vida
De súbito, inesperado,
Do mundo deram partida
Sem nem mesmo dar aos pais
Um olhar de despedida.

Muitos tombaram no chão
Sem vida, pisoteados
Enquanto outros morreram
Por fumaça asfixiados
E muitos outros, por fogo,
“Se foram”, carbonizados.

Às pressas, deixaram o mundo
Cheio de tristeza e dor
Por qual razão não se sabe
Tanta morte, tanto horror
Jamais serão explicadas
São mistérios do Senhor.

Graças à Mão do Divino
Também houve salvação
Pois muita gente escapou
Sem ferimento ou lesão
Reduzindo o sofrimento
Desta enlutada nação.

O Anjo da Morte é príncipe
Mas nosso Rei é Jesus
Que um dia venceu a morte
Pendurado numa cruz
Enquanto a Morte traz breu
É Cristo quem traz a luz.

A vida é uma passagem
E pertence ao Deus clemente
Todo homem tem um fim
Ninguém vive eternamente
A morte chega pra todos
Só a forma é diferente.

Aos mortos desta Boate
Que Deus os tenha no céu
Que todos tenham cumprido
Na Terra um belo papel
E lá, no Mundo dos Mortos,
Deus os cubra com seu véu.

O Brasil está de luto
Por esta épica tragédia
A vida é como um teatro
Tem drama, não só comédia
O homem busca o destino
Mas é Deus quem tem a rédea.

Deixo aqui as condolências
A todos familiares
Que perderam seus parentes
E agora sofrem os pesares
Que Deus lhes dê o consolo
E lhes abençoe os lares.

João Rodrigues

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Redação

A Revista "Entre Poetas & Poesias" surgiu para divulgar a arte e a cultura em São Gonçalo e Região. Um projeto criado e coordenado pelo professor Renato Cardoso, que junto a 26 colunistas, irá proporcionar um espaço agradável de pura arte. Contatos WhatsApp: (21) 994736353 Facebook: facebook.com/revistaentrepoetasepoesias Email: revistaentrepoetasepoesias@gmail.com.br

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