Giovanna Bayona

Insegurança

A insegurança que você me causou foi o maior dano de tudo que vivemos e eu nunca vou te perdoar por isso. Porque foi maldade, fez de propósito, você sabia exatamente as palavras que iria usar, o jeito de agir. Isso porque eu entrei tão aberta nesse relacionamento, te mostrei tudo o que eu tinha de bom e todas as cicatrizes que eu carregava e você esperto abriu novos cortes nos mesmos lugares. Talvez eu devesse ter me blindado mais, mas acreditar no amor é isso, é se jogar. Eu me joguei e cai de um prédio bem alto, e a queda foi feia.

Você cortou minhas asas, apagou meu brilho, me fez sentir que eu não era o suficiente várias e várias vezes, se eu questionasse isso era coisa da minha cabeça. Deixei de me sentir mulher por sua causa e isso doeu muito. Precisei chorar todas as noites por uma semana inteira para entender que aquilo tudo não dava mais. Porém eu tenho um problema, meu coração é masoquista e pareceu abraçar com tanta força toda a insegurança que você me deu.

A insegurança é o pior dos problemas pra se lidar, porque ela não desaparece de um dia pro outro, as vezes ela nunca vai embora, sempre fica um restinho lá lembrando o quão ruim em algo você é. Retira-la de dentro do coração e da mente é um processo tão longo, tão cansativo, nele a gente percebe que não temos um estoque de lágrimas, pois elas são infinitas…

Ela me corrói por dentro, vasculha cada arrependimento na minha mente, busca qualquer fração de duvidas dentro de mim, rasga minha alma com ansiedade e decepções. Eu queria não ser tão à flor da pele nesse momento, queria ter a coragem pra usar steps como você e varrer toda essa sujeira pra debaixo do tapete. Seria mais fácil para passar e esquecer tudo. Mas não consigo, acho que sou boazinha demais pra machucar alguém nesse processo confuso que estou vivendo, diferente de certas pessoas.

Eu descobri vivendo, em parte com você que as pessoas que nos causam inseguranças são aquelas que são mais inseguras de todas…é aquela velha história sabe? O ataque é a melhor defesa. E se a gente continua varrendo elas pra debaixo do tapete sem resolver ficamos vazios, atormentados, no automático e sem sentir qualquer sentimento sincero por outras pessoas. Eu não quero isso pra mim. Quero continuar sendo a mulher de personalidade que sou apesar de tudo.

Amar alguém só não basta, é preciso se amar primeiro, se cuidar. E naquele dia mesmo com todas as inseguranças que você plantou em mim, que algumas eu lido até hoje, naquele dia eu me escolhi, me amei, me cuidei, me libertei de algo que um dia iria me prender de vez.

Se ainda doí? As vezes sim, mas cada dia é um novo sol que nasce, uma nuvem que passa, um arco-íris que rasga o céu, e algumas inseguranças vão ficando pequenas na imensidão de novos aprendizados e novas experiências.

E mesmo tendo um lado positivo em tudo, nunca vou te perdoar por tal maldade, algo tão doloroso vindo de alguém que estava ao meu lado, é muito triste ter que carregar cicatrizes com o seu nome, que um dia significou a maior parte da minha felicidade.

Porém agora tenho segurança em dizer que essas inseguranças vão passar e saber disso é enorme alívio para mim.

 

Fonte da imagem destacada e imagem interna: Pexels – Liza Summer –  https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-de-sueter-cinza-e-jeans-azul-sentada-na-cadeira-de-madeira-marrom-6382642/

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Giovanna Bayona

Giovanna Bayona escreve desde dos 16 anos para se encontrar e entender seus sentimentos, porém só com 22 anos se reconheceu como escritora e começou a divulgar suas crônicas e algumas poesias nas redes sociais, o que abriu portas para alguns projetos literários como a participação no quadro Saideira (2020) e no Sarau das Mulheres (2021) ambos no Canal Literaweb no Youtube. Possui participações em duas antologias da Editora Psiu e também participou da primeira edição da Coletânea Palavra em Ação da Editora Jornal Alecrim (2021). Agora também colunista da Revista Entre Poetas & Poesias pretende continuar expandindo sua escrita para todos que assim com ela são apaixonados por palavras.

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