Leandro Costa

CANTIGA DE CHANANA


FONTE: Imagem do autor

A Chanana só nasce
Quando brota o sol
Desabrochando pano
Para o arrebol

Enfeitando a sarjeta
Onde escorre o suor
É bom dia entre pedras
Que desgastam caminhos

Haja pena, haja pão
Haja passo, haja pó
A Chanana festeja
O reinado do Sol

Pelas ruas e praças
Pelos tetos antigos
Nos terrenos baldios
Do humano descaso

No petróleo da via
Sideral viaduto
Ruderal arruado
Que ninguém acompanha

No cabelo do hippie
E na boca do chique
Que lhe come alento
Nada convencional

E na água do chá
Que a Nana tomou
Para não enjoar
O remédio da dor

No chorar da enxada
Verga todo devir
Entregando à Gaia
O Latente porvir

Quando morre a Chanana
Outras filhas lhe nascem
Das sementes de sangue
Que a mãe semeou

Em cada rua cinza
E nos tetos modernos
Que arranham o céu.

Mostrar mais

Leandro Costa

Francisco Leandro Costa, cearense de Santana do Acaraú, é enfermeiro e autor de poemas e contos publicados em diversos periódicos e antologias do país, dentre estas as do Selo Off Flip 2021. Seus textos trazem uma voz narrativa inspirada nas lendas, mitos, memórias e histórias de seu povo, bem como nas situações cotidianas mais ordinárias.

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo