João Rodrigues

Cristais frágeis

Cristais frágeis

 

O vírus chegou

Rompendo fronteiras

Sem pedir licença

E sem passaporte

Plantando o terror

No peito do mundo

Deixando o Planeta

Sem rumo, sem norte

Mostrando que o homem é uma faísca

Quando está diante do sopro da Morte.

 

Todas as bandeiras

Foram atingidas

De nada serviram

Mísseis e canhões

De forma invisível

Foi nos invadindo

Sufocando o ar

De nossos pulmões

Nos tirando a paz, nos tirando a vida

Ferindo o orgulho de todas nações.

 

Sem ter reação

O mundo, indefeso,

Para o próprio mundo,

Enfim, se fechou

Cada ser humano

Levando na face

A marca do medo

Também se trancou

Lembrando a canção que compôs o artista

Falando do dia em que a Terra parou.

 

Sem ter piedade

A Morte uivava

Por todos os lados

Sua foice brandia

Na televisão,

Dos infectados

E de quem se fora

O número crescia

Empresas fecharam, crescia a miséria

E o mundo refém desta Pandemia.

 

A fome chegou

Mostrando seus dentes

Devorando o pão

Do pobre coitado

De estômago roncando

Despensa vazia

Por mais um fantasma

Agora assombrado

De sua janela, via a triste rua

Até o asfalto vivia isolado.

 

Tantos filhos órfãos…

Viúvos, viúvas,

Da cama, com lágrimas,

Preenchem o vazio

A foto na estante

Resgata a saudade

Do ente querido

Que um dia partiu

Quantos lares choram o triste silêncio

Das vozes alegres que a Morte as baniu.

 

Somos cristais frágeis

Rachamos ao meio

Ouvindo gemidos

E gritos de dor

Com isso aprendemos

Que a vida é efêmera

E que deveremos

Ser um beija-flor:

Sugar todo o néctar que a vida oferece

Polinizar o mundo com paz e amor.

 

Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/corona-mundo-mascarar-v%c3%adrus-doen%c3%a7a-4912807/

 

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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