Cristais frágeis
Cristais frágeis
O vírus chegou
Rompendo fronteiras
Sem pedir licença
E sem passaporte
Plantando o terror
No peito do mundo
Deixando o Planeta
Sem rumo, sem norte
Mostrando que o homem é uma faísca
Quando está diante do sopro da Morte.
Todas as bandeiras
Foram atingidas
De nada serviram
Mísseis e canhões
De forma invisível
Foi nos invadindo
Sufocando o ar
De nossos pulmões
Nos tirando a paz, nos tirando a vida
Ferindo o orgulho de todas nações.
Sem ter reação
O mundo, indefeso,
Para o próprio mundo,
Enfim, se fechou
Cada ser humano
Levando na face
A marca do medo
Também se trancou
Lembrando a canção que compôs o artista
Falando do dia em que a Terra parou.
Sem ter piedade
A Morte uivava
Por todos os lados
Sua foice brandia
Na televisão,
Dos infectados
E de quem se fora
O número crescia
Empresas fecharam, crescia a miséria
E o mundo refém desta Pandemia.
A fome chegou
Mostrando seus dentes
Devorando o pão
Do pobre coitado
De estômago roncando
Despensa vazia
Por mais um fantasma
Agora assombrado
De sua janela, via a triste rua
Até o asfalto vivia isolado.
Tantos filhos órfãos…
Viúvos, viúvas,
Da cama, com lágrimas,
Preenchem o vazio
A foto na estante
Resgata a saudade
Do ente querido
Que um dia partiu
Quantos lares choram o triste silêncio
Das vozes alegres que a Morte as baniu.
Somos cristais frágeis
Rachamos ao meio
Ouvindo gemidos
E gritos de dor
Com isso aprendemos
Que a vida é efêmera
E que deveremos
Ser um beija-flor:
Sugar todo o néctar que a vida oferece
Polinizar o mundo com paz e amor.
Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/corona-mundo-mascarar-v%c3%adrus-doen%c3%a7a-4912807/