Giovanna Bayona

A queda da falsa proteção.

Na nossa vida é comum queremos a sensação de nos sentir protegidos de alguma forma, desde nossas relações familiares, amorosas, ou até mesmo nossos escudos de defesa que criamos para escapar de escolhas e sentimentos difíceis.

Se você tiver tido alguma falta na sua vida, especialmente a infância, como pai ou mãe ausente, ou falta de amigos, uma infância mais solitária, isso traz pontos de carência na nossa vida adulta. Esses pontos são quase invisíveis, não é algo explicito, é preciso muito autoconhecimento para notar, eu mesma se não tivesse feito terapia alguns anos nunca saberia dos meus.

O ponto é que a gente começa a buscar essas faltas em outras coisas e relações, pois nosso interior não entende que não se substitui essas faltas. Então, buscamos suprir essas faltas muitas vezes idealizando papéis em pessoas que passam por nossa vida, idealizando expectativas sobre os acontecimentos dos mais corriqueiros aos mais complexos.

Até ano passado buscava suprir faltas, idealizei papeis em pessoas, e isso me deixou cega para tantas situações, mas principalmente para fazer minhas escolhas. Vivi relações falsas, acreditei em situações ilusórias, até contei inúmeras vezes com “o ovo fora da galinha”, e quando esse mundinho imperfeito, mas que fazia sentindo para mim se desmoronou, a queda foi muito feia.

Hoje além de pagar pelos meus erros, pago pelos erros dos outros, é isso que acontece quando deixamos nossa vida no controle de outras pessoas, tudo em busca da tal proteção. Essa sensação de proteção é benéfica, mas no tempo certo, lá quando a gente é criança, ou no acolhimento de algum trauma, mas no dia a dia, proteção demais nos leva a ter insegurança.

Sempre fui insegura, hoje sou menos, mas essa insegurança de não ser boa o suficiente ainda faz parte de mim, por isso sempre tomei minhas decisões mais pensando nos outros, no que seria melhor, e deixei de me posicionar tantas vezes porque achava que não tinha direito, por ser nova, por ser imatura, etc…

Queria eu que essa queda nunca tivesse acontecido, seria mais fácil, continuar acomodada em tantas coisas, entregando de bandeja minha confiança, endeusando pessoas a ponto de justificar seus erros, falhando comigo mais que o necessário só para receber atenção e proteção. Mesmo que fosse ruim, ainda sim, seria mais fácil.

Mas a queda aconteceu, não foi só comigo, olhar e ver que eu estava em pedaços, que meu mundo estava ainda mais desfigurado, ver as pessoas que eu amo tão perdidas quanto eu, estávamos no olho do furacão, cada uma com seu tornado particular.

A casa ainda está quebrada, ficou rachaduras e alguns destroços para limpar, ainda tem novas paredes para se construir e decisões a se tomar todos os dias. Virei uma arte abstrata juntamente de quem eu amo, e juntas vamos reconstruir tudo o que foi quebrado num solo mais firme, onde ninguém mais vai reinar além de nós.

Agora entendo que a maior proteção que se pode ter é a nossa própria proteção, é não deixar seu controle nas mãos de outra pessoa, seja família ou quem for. Porque quando você tiver que viver as consequências das escolhas, certifique que foi você que realmente escolheu, porque a vida não vai aliviar as consequências com a justificativa de que você apenas concordou.

Você pode estar se perguntando, “como faço para me proteger”? Se ame, seja grato, não coloque mais peso nos seus arrependimentos, se perdoe, e principalmente não valorize as suas faltas e sim valorize os momentos bons. Não temos como substituir nada do passado, mas podemos tentar sempre viver experiências diferentes, para abrir espaços para coisas novas, relações boas, memórias alegres, que não vai sobrar espaço para faltas que ficaram lá atrás.

 

Meu Instagram: @giovanna.bayona

Fontes:

Imagem Destacada e Imagem Interna: –  Foto de Tim Grundtner: https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-de-vestido-branco-caindo-no-chao-de-concreto-cinza-3856635/

Mostrar mais

Giovanna Bayona

Giovanna Bayona escreve desde dos 16 anos para se encontrar e entender seus sentimentos, porém só com 22 anos se reconheceu como escritora e começou a divulgar suas crônicas e algumas poesias nas redes sociais, o que abriu portas para alguns projetos literários como a participação no quadro Saideira (2020) e no Sarau das Mulheres (2021) ambos no Canal Literaweb no Youtube. Possui participações em duas antologias da Editora Psiu e também participou da primeira edição da Coletânea Palavra em Ação da Editora Jornal Alecrim (2021). Agora também colunista da Revista Entre Poetas & Poesias pretende continuar expandindo sua escrita para todos que assim com ela são apaixonados por palavras.

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo