Bangu e algumas histórias
Série: Histórias do Brasil (conto XI)
Quando ouvia falar em Bangu logo minha memória relacionava o nome daquele jogador que lesionou o joelho do Zico ao maior vilão de todos os tempos: o capeta vermelho. Claro, né! Ver o “Galinho de Quintino” rolar de dor no chão e desfalcar o time do Flamengo marcou demais a minha infância. Recordo bem, o algoz Marcio Nunes me fez querer manter distância de tudo que se relacionava com o bairro Bangu. Responsável declarado pela contusão do craque do flamengo. Mas acabou, graças a Deus que acabou. Hoje conheço bem a localidade e os queridos moradores do bairro, o nosso Zico entrou para a história e os amigos me fizeram amar esse lugar repleto de gente bacana. Esqueci a cara de maldade do tal atleta. Deus é bom!
Dia desses, num daqueles bate-papos informais e divertidos, a amiga Fernanda mencionou a origem do nome Bangu. Pois é, a partir da narrativa do esposo, tendo ele trabalhado no próprio bairro em questão, a história acerca do registro territorial veio à tona. Segundo Fernanda, os antigos moradores afirmam haver no local uma enorme formação rochosa capaz de encobrir a luz solar durante as tardes escaldantes (e põe escaldante nisso). Daí por diante, o leitor entenderá: a junção de “Bang” (paredão) ao sufixo “ú” (escuro) culminou na nomenclatura de raiz tupi do bairro em questão — e, assim, o famoso Bangu teria surgido como um dos lugares mais conhecidos do Rio de Janeiro. Moradores bacanas, pessoal acolhedor, isso vale a pena recordar.
Eu poderia falar de calor humano, em favor de algum trocadilho, com vistas a chamar atenção para o fato de Bangu ser considerado um dos bairros mais quentes do Rio. Mas não, prefiro referir aos simpáticos amigos de lá e também ao charmoso futebol do time do Bangu. A zaga mais eficiente do mundo, paredão vermelho e branco de antigamente. Verdade, a equipe do Bangu revelou maestria, sucessos perdidos no tempo e a impertinência do relógio a me dizer sem preâmbulos que preciso encerrar esta história. Abraço, pessoal!