Diário de um espectro chamado mãeJosilene Pessoa

Série: Diário de um espectro chamado mãe – Texto: Os pés pelas mãos – Parte II

Os pés pelas mãos – Parte II

O relato de hoje é sobre um hiperfoco que começa fofo, mas, como tudo em excesso, uma hora se desgasta. Nem sempre a mãe está com disposição e ânimo para ceder os pés.

Nós havíamos acabado de acordar e eu ainda estava em processo de despertar. O meu pé, que já não me pertence mais, tinha que estar disponível. Porém, em um outro momento em que eu cedi, ele feriu o meu dedo com a unha que estava grande. Aliás a unha é outro processo que só acontece através de “suborno”. Então, com o dedo cortado, eu neguei mesmo sabendo que para ele é quase que incontrolável a rotina de entrelaçar os dedos nos meus.

Como se não fosse o suficiente, ele acha graça quando machuca e ainda quer  justamente “pôr o dedo na ferida”. Mesmo explicando que esta ferido, ele não entende ou não quer entender. Enfim, isso foi suficiente para provocar uma crise em que no fim acabei machucando muito mais do que o pé, numa dor que foi além da dor física.

Parece incrível descrever uma crise por conta de uma vontade de mexer num pé. Mas no espectro-universo tudo é possível.

Confesso que os últimos tempos não tem sido fáceis com todas as mudanças que fomos obrigados a fazer. Isso mexeu com os ânimos, alterou rotina e aí de repente tudo explode e acabamos colocando os pés pelas mãos sem perceber…

Mas, no fim, depois que o pé sarou e o coração acalmou, a mãe voltou a “dar os pés a torcer”…

Josileine Pessoa F Gonçalves

Imagens do texto: Arquivo da autora.

Imagem destacada: https://pixabay.com/images/id-3447075/

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Josileine Pessoa F. Gonçalves

Nascida no município de Niterói – RJ, Moradora de São Gonçalo, onde tambem cursei a maior parte dos estudos no Colegio Estadual Nilo Peçanha. Formada em Letras/Port. – Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Trabalho na área da educação e ensino de inglês. Atualmente ministrando aulas de Produção Textua na rede particular de ensino e aulas de inglês online. Faço parte do Coletivo de Escritoras Vivas de São Gonçalo desde o segundo semestre de 2022 e sou membro da União Brasileira de Trovadores, a UBT São Gonçalo, desde Janeiro de 2023. Colunista da Revista Entre Poetas e Poesias, além da coluna com textos variados, ofereço aos leitores minha "escrevivencia" atípica na Série "Diário de um espectro chamado mãe, onde é possível encontrar textos diversos dentro do universo autista. Sou casada, mãe de dois filhos autistas, poeta, escritora e trovadora sempre gostei de compor e escrever sobre vida e sociedade. Inclusive com composições, paródias e versões para uso educacional. 

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