RUÍDO NA MADRUGADA
Aconteceu na semana que antecedeu ao Carnaval de 2019. Mês de fevereiro, o calor intenso acompanhado do som do ventilador; não permitia um sono tranquilo. Dormia e acordava várias vezes, levantei por dois momentos para beber água, os pensamentos se aglomeravam.
O ano letivo já havia começado e ainda não tinha arrumado as roupas para um pequeno passeio durante a semana do recesso. Poderia aproveitar a insônia e organizar a bagagem. Não o fiz, resolvi voltar à cama porque sobravam poucas horas para retornar ao trabalho, precisava descansar.
Quando estava quase pegando, no sono ouvi um barulho estranho. Mesmo deitada, levantei a cabeça do travesseiro… silêncio momentâneo. Deve ser algum brinquedo no quarto de minha filha, pensei. Novamente um som mais alto que eu não sabia definir. Fui até a janela e flagrei um pivete em cima do muro colocando a bicicleta, da minha menina, na calçada!
Corri até a sala, onde pude enxergá-lo melhor. Moro no segundo andar, distância pequena até o muro com grades. Ele procurava um local para pular, pois, a bicicleta ocupava o espaço. Numa atitude impensada, comecei a gritar bem alto. A rua do meu condomínio é sem saída, um prédio de frente para outro. Certamente que acordei muitos moradores (sinto constrangimento de relembrar), mas ninguém chegou à janela.
Minha filha acordou com o som irreconhecível dos meus gritos. Também foi para janela da sala onde eu berrava: “ladrão! Ladrão na minha casa!” Fui até a cozinha e peguei um melão para atirar na cabeça dele, porém ele já havia pulado, de tão nervoso caiu de peito no chão! Montou na bicicleta e com poucas pedaladas, largou-a na calçada e saiu mancando com muita pressa!
Não posso dizer se ele desistiu do furto por medo ou incapacidade de pedalar devido ao tombo, contudo posso garantir : “ganhei de um ladrão no grito!”
Ivone Rosa
Instagram:@profaivonerosa
referência imagem:https://pixabay.com/pt/photos/pessoas-senhora-garota-janela-2600583/
Fevereiro/2022
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