Crônica LiterawebRenato Cardoso

Série – Histórias Avulsas – Cap.#03 – Crônica: “Flamengo até morrer eu sou” – Renato Cardoso

Texto em comemoração aos 127 anos do Clube de Regatas do Flamengo

Série – Histórias Avulsas – Cap.#03 – Crônica: “Flamengo até morrer eu sou” – Renato Cardoso

Geralmente, ao nascer, os pais influenciam seus filhos a torcerem para o time que eles torcem. Um processo meio que normal, já que o futebol é a grande paixão do Brasil. Muitos, ainda no berçário, já colocam a camisa do time do coração nas crianças (confesso ter feito isso com a minha filha mais velha).

As crianças vão crescendo e muitos vão escolhendo os times dos pais, mas com o Flamengo é diferente. Ninguém escolhe o Flamengo, é o Flamengo que escolhe a pessoa. É um sentimento sem igual. Quando dizem que a camisa é um manto, não estão mentindo. E que a torcida é uma nação, melhor definição não há.

Desde que me lembro por gente sou rubro-negro. Não por influência da família, mas por me sentir escolhido pelo time. Nasci em um período de ouro da equipe. Um ano depois do título mundial, era Zico. A era do maior ídolo da grande nação rubro-negra.

Não acompanhei de perto esse período, afinal era recém-nascido. Lembro-me do futebol a partir da Copa do Mundo de 1990 (quem não lembra da eliminação do Brasil para a equipe de Maradona e Caniggia?). A era Zico já estava no fim e ele já estava se transferindo para o Japão, onde se tornaria rei.

A primeira memória ativa que tenho com o Flamengo, foi minha primeira ida ao Maracanã. Eu era criança, tinha apenas 10 anos, era 1992. Nada melhor do que estrear no maior estádio do mundo (título figurativo), que em um Fla x Flu, que como diria Lamartine Babo: “É um aí Jesus”.

Meu pai me vestiu com o uniforme completo da equipe. A grande figura daquela equipe era o capitão Junior, o último que sobrou da era de ouro. Aquele campeonato foi especial, pois terminamos campeões em cima do Botafogo. A partida foi 1×1, gol de Nélio, na época revelação do time.

Ficamos na antiga arquibancada (na época ainda de concreto). Próximo da gente, estava uma torcida organizada, que não parava um minuto sequer de gritar e empurrar a equipe. Ao longe, escutávamos a bandinha (símbolo da época romântica do futebol carioca).

Sempre disse que quem não tem clube ou não está convicto para quem torcer, ao chegar no Maraca e se deparar com a torcida já toma sua decisão. É impossível negar a festa que só a torcida rubro-negra sabe fazer.

O tempo foi passando e a paixão pelo clube só foi aumentando. Minhas idas ao Maracanã foram constantes até a primeira grande reforma. Lembro-me de assistir jogos do Campeonato Carioca (quando o mesmo tinha todo o seu charme) na segunda-feira à noite na Bandeirantes com a narração de Januário de Oliveira.

Vi grandes ídolos passarem pelo clube, como Renato Gaúcho, Romário, Sávio, Petkovic, Adriano e, os mais recentes, Gabigol, Pedro, Everton e Arrascaeta. Vi épocas distintas, onde sofremos com times horrorosos, mas o amor pelo clube não passou. Como o hino diz: “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”. Não conheço nenhum ex-flamenguista.

A grande sensação da minha infância e adolescência era colecionar os álbuns de figurinhas do Campeonato Brasileiro. Tive alguns, os quais guardo até hoje. Infelizmente toda aquela atmosfera romântica que cobria o futebol foi sumindo com o tempo.

Hoje (dia no qual escrevo esta crônica), o Flamengo comemora 127 anos de fundação. No mesmo dia, o Brasil comemora sua proclamação da república. Datas em comum, mas com um certo significado. Talvez, poético de minha parte, mas vamos lá…

O termo república vem do latim res publica, “coisa pública”, ou seja, uma forma de governo no qual o povo é soberano e governado por representantes eleitos por ele. Mas o que isso tem a ver com o Flamengo?! Não dizem que o Flamengo é uma nação? Logo, podemos afirmar que ele é uma república.

Uma república, onde os torcedores são soberanos e os jogadores são os seus representantes. Nenhum time no mundo pode afirmar a mesma coisa, pois nenhum tem a mesma grandeza (dando o devido respeito aos adversários). Como diria o samba da Estácio: “Vestir rubro-negro não tem pra ninguém”.

Assim como Marechal Deodoro da Fonseca fez em 1889, Nestor de Barros, José Agostinho Cunha, Felisberto Laport, Augusto Lopes, Mário Spindola e José Felix criaram o clube de regatas, que mais tarde seria a maior república futebolística do mundo, o Clube de Regatas do Flamengo.

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Renato Cardoso

Renato Cardoso é casado com Daniele Dantas Cardoso. Pai de duas lindas meninas, Helena Dantas Cardoso e Ana Dantas Cardoso. Começou a escrever em 2004, quando mostrou seus textos no antigo Orkut. Em 2008, lançou o primeiro volume de “Devaneios d’um Poeta” e em 2022, o volume II com o subtítulo "O Rosto do Poeta". Graduado em Letras pela UERJ FFP e graduando em História pela Uninter. Atua como professor desde 2006 na rede privada. Leciona Língua Inglesa, Literatura, Produção Textual e História em diversas escolas particulares e em diversos segmentos no município de São Gonçalo. Coordenou, de 2009 a 2019, o projeto cultural Diário da Poesia, no qual também foi idealizador. Editorou o Jornal Diário da Poesia de 2015 a 2019 e o Portal Diário da Poesia em 2019. É autor e editor de diversos livros de poesias e crônicas, tendo participado de diversas antologias. Apresenta saraus itinerantes em escolas das redes pública e privada, assim como em universidades e centros culturais. Produziu e apresentou o programa “Arte, Cultura & Outras Coisas” na Rádio Aliança 98,7FM entre 2018 e 2020. Hoje editora a Revista Entre Poetas & Poesias e o Suplemento Araçá.

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