Foi há poucos dias que esse grande objeto completou cinquenta anos, aqui no Rio de Janeiro. Hoje ninguém mais dá valor, porém, na época em que fora instalado nesta cidade maravilhosa era disputadíssimo.
Era um tempo em que somente as pessoas que pertenciam à classe privilegiada, tinham telefone em suas residências. A forma mais comum de comunicação à distância era através das famosas correspondências.
Em 20 de janeiro de 1972, aconteceu a inauguração dos telefones públicos, apelidados de “orelhão”. Colocados nas calçadas das principais ruas do Centro e bairros movimentados.
A maioria das empresas não permitiam conversas ao telefone. Portanto, os funcionários durante o horário de almoço saíam em busca de um orelhão. As filas eram enormes, e alguns usuários impacientes chocalhavam as fichas (tamanho e peso equivalente à moeda de cinquenta centavos) nas mãos. Quando a ligação era uma paquera… chovia reclamações! Imaginem se ele tivesse uma caixa preta para armazenar as conversas?! Quantas declarações de amor!
Para chamadas interurbanas o orelhão azul, ligações locais o aparelho era vermelho. Crianças nunca podiam usar, por causa da altura. Outro detalhe muito interessante era que a ligação não completava enquanto a ficha não caísse. Por isso foi criada a expressão: “ainda não caiu a ficha!” Quem diria que esse termo técnico se tornaria uma linguagem atemporal.
O ilustre instrumento de comunicação, após meio século, virou sucata em depósitos. Outros vandalizados, assombram algumas ruas de bairros distantes. Fato é que: muitas pessoas têm boas lembranças do velho amigo orelhão mesmo sendo ignorado atualmente !
Ivone Rosa
Instagram: @profaivonerosa
Ref. imagem: https://pixabay.com/pt/photos/telefone-p%c3%bablico-la%c3%a7o-tecnologia-1489568/
