Aceite o remo, puxe a âncora, ice as velas!
Platão dizia que há três espécies de homens: os vivos, os mortos e os que “andam” no mar. Nossas emoções são em justa medida uma espécie de mar onde as experiências e não experiências das nossas maturidades serão testadas. A vida dos que decidem obter maturidade emocional é um tipo de atividade marítima, um modo de velejamento com alma. Nela as complexidades do existir transcendem todas as nossas compreensões de vida e morte. Ao tempo que também, as ambivalências dos nossos sentimentos sacudirão as ondas das nossas intenções. Desde que o mundo é mundo a didática da humanidade é a mesma. Aprendemos fazendo. Aprende-se a navegar, navegando. A escrever, escrevendo. A correr, correndo. A amar, amando. Ninguém se tornará experiente no que nunca atuou. Não desenvolvemos experiências emocionais através dos livros. Neles e noutras fontes, podemos obter apenas informações. E só! Entretanto, acerca das artimanhas do coração, não há outro modo de amadurecer-se se não for sentindo. Sentindo tudo com sentidos profundos. Profundos em tudo, com mergulhos sem pressa.
Marinheiros de lagoas
As decepções com a vida, com o outro e conosco, trarão sempre o interesse por fechamentos na alma. Aquele período tentador que a gente quer ancorar o barco, rasgar os mapas, quebrar a bússola. Normal! Esse estranhamento, enclausuramento, solidão, faz parte do que somos. Contudo o excesso de blindagem cardíaca, de repulsa a toda espécie de sensações que promovam euforia por novas experiências, nos transformará em mortos vivos. Navegantes de barcos furados. Conhecedores experientes de superfície. Marinheiros de lagoas. Sentimos melhor quando aprendemos melhor. Navegar nas águas do coração mesmo modo. É necessário aceitar que das muitas partidas carregadas de expectativas pelo sucesso, acontecerão regressos sem triunfo. Das mensagens enviadas, existirão muitas sem respostas. Que alguns abraços esperados não ocorrerão exatamente com os braços que gostaríamos. É preciso aceitar sem sofrer. Navegar sem naufragar. Se a vida é um oceano, ocorrerão mesmo esses dias solares e invernais na alma. Maturidade é a ciência de perceber o movimento das emoções que navegam em nós. Nesse sentido o aforismo grego, “conhece-te a ti mesmo” nos sugere imersão nas águas oceânicas de nossa existência. Vive intensamente melhor quem pratica esse mergulho.
Felicidade é movimento
Todos estamos na busca da felicidade quer seja no amor, na profissão e nos mais diversos planos onde atuamos. Mas nada encontraremos dela sem nos expormos. Navegarmos. Felicidade não é um cais, não é uma ilha, não é um porto, não é um lugar. Felicidade é movimento. É ir e vir. Somente navegando temos a possibilidade de ficarmos felizes. Todas as vezes que recusamos a felicidade como movimento, aumentamos a vulnerabilidade da alma submergir. Não há grandeza em mentalizar uma viagem, grandeza é executá-la. O imaginário é importante, salutar, inspirador, mas é zona sem confronto, sem crescimento. Ao sonhar, intente. Ao conjecturar, aja. Não se mede a expertise de um marinheiro pelos planos que sabe traçar, mas pelas soluções que encontra quando os planos fracassam. Nesta vida onde altos e baixos ocorrerão, não se amedronte com a imensidão dos oceanos desconhecidos. Aceite o remo, puxe a âncora, ice as velas. Há mares que vem para o bem. Navegue-os!
(Esse texto é de Rick Joilly, pai, professor, publicitário, fotógrafo e pensador dessas coisas que se dizem. No Instagram @_joilly escreve diariamente sobre temas do cotidiano do coração.)
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Luiza Moura.