Semana passada, estive no Hospital Universitário de Niterói. Após meu atendimento, caminhei até uma agência bancária ali mesmo nas dependências da universidade. Na saída do banco, fui levada à cantina pelo agradabilíssimo aroma de café. Devo confessar que mesmo em dieta, não resisto a um cafezinho com pão de queijo!
Passavam das quatro da tarde e chovia bem fraquinho. O cafezinho é uma pausa importante. Vai além da função de nos manter desperto. É momento de aliviar o estresse, para muitos profissionais. Um intervalo para uma boa conversa. Sob o clima de inverno, então…
Procurei uma mesa menor e mais afastada dos acadêmicos que conversavam animadamente entre risos e algumas gargalhadas. Como de costume, coloquei minha bolsa em uma outra cadeira ao meu lado.
Enquanto aguardava o meu pedido chegar, peguei meu livro quando ouvi uma voz de menina:
– Posso, por favor, pegar essa cadeira?
Antes de responder, rapidamente olhei ao redor para saber se não havia outra. Levantei a cabeça para atendê-la e fiquei surpresa quando vi que não era uma criança, e sim uma jovem de olhos verdes que de imediato me sorriu com o olhar (usávamos máscara de proteção). A seguir, o meu pensamento gritou: “de onde conheço essa moça?” Não precisei vasculhar os arquivos de minha memória:
-Professora, quanto tempo! – exclamou com sorriso na voz.
Senti o meu rosto esquentar, pois, não me lembrava o seu nome. Já havia retirado a bolsa, voltei a fita-la e ao observar o crachá, foi a minha salvação!
– Como vai, Dra. Fabíola?! – falei com um misto de alegria e alívio.
– Ainda não, professora. Só consegui um estágio…
Ela sentou-se e começou a contar sobre os alunos da turma durante o tempo em que fizeram o Ensino Médio comigo. Rimos um pouco quando recordamos que ela passou mal quando viu sangue de um colega que se feriu na quadra. Disse também que sentia falta de nosso bate-papo na hora do recreio. Na época, ela era tão pequenina, magrinha com os cabelos cacheados; parecia frágil.
Saímos da nostalgia e a pequena relatou sobre as dificuldades iniciais para ingressar à universidade. Porém, a surpresa maior foi sua declaração de que eu servi de exemplo de perseverança! Nesse momento as lágrimas desceram, e o cafezinho chegou.
Nossa! Que café delicioso, justamente na semana do dia dos Estudantes!
Ivone Rosa
