No meio da noite escura
Sinto-me viva
A madrugada me acolhe
Trazendo reflexões que o dia não me permite…
A noite me traz pensamentos
Questionamentos sobre o que me falta
Sobre o buraco que preciso preencher
Mas também me mostra o quanto não mais me cabe
O tanto que não mereço sentir nem viver
O que me transborda por não mais me pertencer…
(Michelle Carvalho)
O mundo moderno fez crescer o amor líquido, raso, que se esvai pelos dedos, que não se aprofunda, que se planta em solo pedregoso e não cria raízes, o qual a qualquer indício de dor torna-se descartável.
Amar não é apegar-se a dor nem pensar que tem que suportar desprezo, maus tratos e violência, mas é saber que quem ama de verdade não age desta forma. Amar é ter sabedoria para distinguir os momentos para seguir amando ou deixar ir.
Amar é não iniciar um relacionamento pensando que “se não der certo eu vou embora”, mas sim começar com fé e esperança de que vai dar certo.
A frase mais perfeita sobre amar é pensar como o poeta que diz: “que seja eterno enquanto dure”, afinal, enquanto você estiver sentindo amor, há esperança, certeza de que não terá fim, sem pensar em não dar certo, sem pensar em ir embora, mas se um dia chegar ao fim, valeu a pena cada instante, porque não se pensava no findar e sim no durante, viver o momento presente acreditando na eternidade do tempo.
O ser humano tem buscado fugas para não sentir, criando cascas sobrepostas para soterrar as causas dos sentimentos no afã de desligar a humanidade para tirar agonias, medos e dores… Neste desligamento de muitos humanos, acabamos por vislumbrar o amor dos animais, tidos como irracionais, que são mais amorosos e sentimentais do que vem demonstrando a própria raça humana.
Ao utilizar-se de subterfúgios como álcool, drogas, vícios, sexo desregrado, coloca-se para baixo do tapete as preocupações, medos, estereótipos, mas também a ética, a sanidade, a humanidade…
Guerrear não é usar armas de fogo, espadas ou bombas, é lutar pela vida a cada nascer do dia buscando preencher o que falta e desprender-se do que não mais lhe cabe. E nesta guerra em que lutamos pela vida, a principal arma é o amor.
Michelle Carvalho
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