FALA AÍ, JUVENTUDE!

Fala Juventude! Conto: “Cotidiano” – Daniel Carqueja

COTIDIANO

5:30

Acordo contra minha vontade. Com o que vejo pela frente, me arrumo e me dirijo ao meu irritante trabalho.

6:40

Chego ao trabalho com um grande sorriso. Sento sobre minha cadeira e começo a trabalhar em meu minúsculo cubículo.

12:00

Pausa para o almoço. Vou até o restaurante à beira-mar, me sento no mesmo lugar de sempre e me perco no mar anil.

13:00

Volto ao trabalho e continuo a praticar meus infinitos afazeres. Ainda mantenho o falso sorriso em minha triste máscara de pele.

17:00

Termino o expediente ainda mantendo minha falsa energia quente e admirável. Pego meu humilde carro e volto ao lar.

18:30

Chego em casa exausto e confuso, então deito minha cabeça em um pequeno travesseiro de setim.

Me perco no abismo.

Somente minha luz iluminava a escuridão, sentia frio e medo naquele lugar criado pelos devaneios da minha pobre vida. Vaguei pelo vazio pútrido, até que as sombras de minhas mazelas me pegaram.

Com suas mãos frias e sem vida me faziam ajoelhar para que pudessem me açoitar através dos seus chicotes de desgosto.

Por meio de um ato de desespero, me desato das garras negras, metáfora do vazio, e começo a corrida pela existência da minha pobre alma.

– Socorro, eu não quero morrer!

 – Eu não quero ficar aqui, me soltem! Deixem minha pobre alma em paz!

 – Não me apaguem! Não apaguem por favor!

 – Eu não quero morrer, ainda tenho toda minha vida pela frente!

 – Não apaguem minha faísca de vitalidade!

 – Socorro!

 10:30 da manhã seguinte.

Sou encontrado sem vida sobre a cama.

 

Fonte da foto: https://pixabay.com/pt/photos/bravo-gritando-homem-gritar-raiva-6319463/

*Daniel L. Carqueja possui o olhar aguçado para os dramas humanos, embora reconheça a sua pouca idade. Ele quer compartilhar a sua experiência por meio da escrita criativa.

 

 

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Erick Bernardes

A mesmice e a previsibilidade cotidiana estão na contramão do prazer de viver. Acredito que a rotina do homem moderno é a causadora do tédio. Por isso, sugiro que façamos algo novo sempre que pudermos: é bom surpreendermos alguém ou até presentearmos a nós mesmos com a atitude inesperada da leitura descompromissada. Importa (ao meu ver) sentirmos o gosto de “ser”; pormos uma pitadinha de sabor literário no tempero da nossa existência. Que tal uma poesia, um conto ou um romance? É esse o meu propósito, o saber por meio do sabor de que a literatura é capaz proporcionar. Como professor, escritor e palestrante tenho me dedicado a divulgar a cultura e a arte. Sou Mestre em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e componho para a Revista Entre Poetas e Poesias — e cujo objetivo é disseminar a arte pelo Brasil. Escrevo para o Jornal Daki: a notícia que interessa, sob a proposta de resgatar a memória da cidade sob a forma de crônicas literárias recheadas de aspectos poéticos. Além disso, tenho me dedicado com afinco a palestrar nas escolas e eventos culturais sobre o meu livro Panapaná: contos sombrios e o livro Cambada: crônicas de papa-goiabas, cujos textos buscam recontar o passado recente de forma quase fabular, valendo-me da ótica do entretenimento ficcional. Mergulhe no universo da leitura, leia as muitas histórias curiosas e divertidas escritas especialmente para você. Para quem queira entrar em contato comigo: ergalharti@hotmail.com e site: https://escritorerick.weebly.com/ ou meu celular\whatsapp: 98571-9114.

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