Conflito e busca – Série de textos sobre a evolução do amor – Parte 10
Nesta fase do amor, ou do esvair dele, a visão vai dissipando a neblina que cega e aquele que ama consegue entender que não mais deseja viver daquela forma, contudo a dependência afetiva ainda é gritante.
Vislumbra que não só perdeu o ser amado, mas que com o decorrer do relacionamento perdeu-se de si mesmo buscando ser aceito, buscando agradar, buscando ser o molde que o outro desejava (ou que pensava que o outro desejava).
Imaginava ser a pessoa amada perfeita e vivia dando desculpas para cada vertente ou deslize da mesma, colocando-a em um pedestal e pensando-se sempre indigno de estar sendo amado por aquele ser “inatingível”.
Não se reconhece mais, não sabe seus gostos, parece sem rumo, esvaziado de autoestima e, ainda sem amor próprio.
Neste momento já consegue enxergar que precisa mudar essa situação, mesmo ainda sem forças, mas já iniciando a retirada da algema que lhe prendia a um relacionamento acabado.
Está em conflito porque parte de si ainda não consegue se desvencilhar plenamente das correntes da dor corrosiva e sem futuro, já outra parte começa a enxergar que precisa buscar algo diferente pra seguir em frente.
Não consigo imaginar
Minha vida como está
Vazia, sem ninguém
É estranha, é escassa
Conhecer alguém novo,
Tenho medo, tenho preguiça, não desejo
Desejo teu beijo em meu beijo
Um abraço, calor, frio, arrepio
Tudo é muito estranho
Não dá para explicar
É perfume de desânimo no ar
Uma vontade de nada
Ansiedade de tudo
Um doer indolor
Angústia calada
Pressão intermitente no peito
Frio sem febre
Calor de devaneios…
Vou viver buscando uma nova luz para minha vida
Minh`alma vaga sem mim
Meu corpo não responde
E tem surtos de êxtase ao imaginar loucuras
Sozinha, sem ânimo
Luto sem lutar…
Desejo intenso de interiorizar-me
Contudo desconheço-me
Não mais me possuo
Não lhe possuo
Não tenho mais prisão
E não tenho destino…
Desisto de insistir
Insisto em desistir
Estou perdida, sem rumo
Quero acordar desta subvida
E retornar à minha essência
Agora desconhecida.
(Michelle Carvalho)
Esta poesia é parte integrante do livro “Furor Letárgico da Alma”
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