Vem ao mundo, poeta!

Era vinte de fevereiro de 1984 e mais um nascimento estava para acontecer. Lá do céu, o setor encarregado de designar como será cada um já se reunia para preparar a criança.
Há sinais na barriga de sua mãe que já era hora de ganhar o mundo. Então as dores começaram. Correm para o hospital de ônibus de uma cidade a outra. Após longa noite de contrações, ja eram 21 de fevereiro, quando as 4:15 da manhã ela chega.

O setor lá de cima e seus encarregados começaram seus trabalhos.

Antes da equipe se decidir, fizeram suas considerações:

– A vida dela vai ser difícil! Mas, bom, e de quem não é? (Disse o encarregado dos desafios.)

– Mas ela será sensível e um pouco chorona. (Disse o encarregado das emoções)

– Tudo bem mas ela também vai ser durona e forte. E cada vez que sofrer se tornará mais forte ainda. (Falou firme o encarregado da personalidade)

– Ela já nasceu chorando bem alto.  Vamos colocar um pouco de teimosia e orgulho? (Perguntou o encarregado dos defeitos já sabendo que ia caprichar nesses e talvez em alguns a mais)

Bom, após longa discussão, concordaram com as qualificações e começaram a distribuição. Porém faltava um encarregado. O responsável pelos dons artísticos. Ele era meio desprendido, ora cantava, ora escrevia, ora chorava, ora sorria. Muitas vezes era pego tocando alguns instrumentos completamente distraído.

Continuaram assim mesmo sem ele, pois a menina já estava pronta.

De repente, pouco antes de finalizarem chega ele, o encarregado das artes, todo atrapalhado entre os seus dons, mas ele era tão encantador que ninguém ficava bravo com ele.

Chegou roubando a cena e declamando:

– Espere, minha doce criança
Eu já sei o que vais ser
O que sempre lhe dará esperança
Será seu dom de escrever

Mas só escrever não será sua meta
Vais te encantar pela rima
Escreveras feito poeta
Me deixarás orgulhoso aqui de cima.

Vem poetizar o mundo!

Josileine Pessoa F Gonçalves

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Imagem: https://pixabay.com/photos/rose-flower-plant-map-postcard-1364165/

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