Série: Diário de um espectro chamado mãe – Texto: Conversa franca
Uma mãe atípica em um encontro consigo mesma, vive dois lados de sua vivência e como lida com tudo isso todos os dias. Se culpa. Quer ter o direito de sentir a dor! Quer NÃO ser ingrata. Não quer ser julgada! Talvez ouvida.
Então ela se depara com o espelho e fica mais ou menos assim:
– Mas foi só por isso?
– Isso foi a gota que fez o copo que já estava cheio, transbordar…
– Poxa, pensa que poderia ser pior.
– O pior pra mim já chegou, cada um tem o seu pra carregar…
– Você tem que ser forte.
– Eu fui muito, por isso agora estou fraca pra lutar…
– Isso tudo tem um propósito.
– Sim, mas o processo tá dolorido demais pra eu processar…
– Você é muito guerreira.
– Por isso preciso de trégua, todo guerreiro deve descansar…
– Você tem que ter paciência.
– Paciência era meu sobrenome mas me separei e não sei se vou voltar…
– Você já tentou isso?
– Minha vida é uma roleta de tentativas a girar…
– Mas o que é isso então?! Não tem remédio?
– Já está remediado mas o corpo fez viciar…
– No fundo eu quero estar pra baixo, chorar…
– Quero sentir a dor pra ela desaguar…
– Ah não se vitimise!
– Não sou! E aí, jamais quis estar…
– Por isso recluso na dor pra suportar…
– Não quero aparecer nem lacrar…
– Mas obrigada por me escutar…
– Adeus, minha vida vou continuar…
Josileine Pessoa F Gonçalves
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