Diário de um espectro chamado mãeJosilene Pessoa

Série: Diário de um espectro chamado mãe – Texto: Isso não tá me cheirando bem!

Hoje abri o diário para registrar uma recordação inusitada.

Num fim de semana típico com meus filhos e observando o quanto já vivemos, me lembrei de um episódio.

Quem acompanha uma família atípica sabe o quanto as lutas não param. E digo “lutas” sim no plural porque as vezes o dia é cheio delas.

Estávamos na fase de transição do meu mais velho da fralda para o sanitário, principalmente a parte de fazer o tal número 2.

Eu já havia tentado várias estratégias e mesmo assim ainda era difícil. Me lembro de uma vez estar na cozinha e de repente sentir um cheiro não muito agradável; achei até que a carne que eu preparava estava estragada. Mas resolvi olhar pela casa para ver o que era, puxando o ar pelo nariz como quem fareja algo estranho.

Toda mãe conhece a história de que criança quieta demais e sinal de algo errado. E comigo não foi diferente. O meu grandão mais velho, que na época era pequeno, estava na sala sim quietinho, PORÉM, assim que o vi soube o porquê.

Ele sempre foi branquinho mas dessa vez estava “marrom”. Sim, podem acreditar! Cheguei na sala e lá estava o menino se “hidratando” com o famoso número dois.

Conseguem imaginar a cena! Pois então! Eu gritei meu esposo por ajuda sem saber por onde começar a limpar porque havia “hidratando marrom número dois” por toda sala, sofá e até respingos na parede!

Eu estava deixando ele sem fralda para justamente vigiar quando ele ia querer usar o banheiro e levá-lo correndo. Mas, como sabem, nem sempre conseguimos chegar a tempo. E dessa vez foi mesmo tarde demais! Quando reparei que algo não cheirava bem, já estava tudo tomado.

Enfim, enquanto eu dava banho, o pai limpava a sala e eu torcendo para ele não ter levado o “hidratante” a boca! Não sabia se brigava, se chorava ou lavava ele. E o cheiro?! Demorou mas saiu!

Depois dessa o natural seria nunca mais deixar ele sem fralda para não passar por isso novamente. Mas, eu sou como dizem por ai: “Carne de pescoço!” Desisto fácil não! Continuei na luta! Se conseguir?!
Essa eu lhes digo com muito orgulho que foi vencida! Não nesse dia! Quando e como?! Fiquei ligado no diário que eu te conto depois!

Josileine Pessoa F Gonçalves

Vem dividir comigo a sua

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Josileine Pessoa F. Gonçalves

Nascida no município de Niterói – RJ, Moradora de São Gonçalo, onde tambem cursei a maior parte dos estudos no Colegio Estadual Nilo Peçanha. Formada em Letras/Port. – Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Trabalho na área da educação e ensino de inglês. Atualmente ministrando aulas de Produção Textua na rede particular de ensino e aulas de inglês online. Faço parte do Coletivo de Escritoras Vivas de São Gonçalo desde o segundo semestre de 2022 e sou membro da União Brasileira de Trovadores, a UBT São Gonçalo, desde Janeiro de 2023. Colunista da Revista Entre Poetas e Poesias, além da coluna com textos variados, ofereço aos leitores minha "escrevivencia" atípica na Série "Diário de um espectro chamado mãe, onde é possível encontrar textos diversos dentro do universo autista. Sou casada, mãe de dois filhos autistas, poeta, escritora e trovadora sempre gostei de compor e escrever sobre vida e sociedade. Inclusive com composições, paródias e versões para uso educacional. 

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