Diário de um espectro chamado mãeJosilene Pessoa

Série: Diário de um espectro chamado mãe – Texto: O irmão espectro

O Diário hoje vem trazendo um “curta” que diz muita coisa.

Todos os dias pela manhã eu preparo o café dos meninos! Uma vitamina de frutas com um pouco de cuzcuz ou uma tapioca… ou um pão na hora da pressa.

Na hora de oferecer a vitamina eu já ia confundindo as garrafas e dando ao mais novo a garrafa do mais velho que sempre vai com alguns remédios!

Mas antes que o pequeno tomasse um gole eu rapidamente troquei e avisei:

Filho, não beba esse! É  do seu irmão! Está com remédio!

Ele: Ah tá bom mãe! Dá pra ele então para ele ficar bom! Para ele “falar”!
Não sei dizer o que senti ao ouvir isso! O fato do dele ter associado os remédios a esperança de que o irmão mais velho fale!
E em outros momentos já reparei que o pequeno, mesmo não entendendo porque o irmão só fala algumas palavras e com alguma dificuldade, se sente feliz com as poucas vezes em que ouve uma resposta.

Como por exemplo, as vezes o pequeno pergunta: Quer suco?! e ele responde: “Qué” do jeitinho dele. E na primeira vez que isso aconteceu o mais novo comemorou e veio até a mim dizendo:

Viu, mamãe, ele me respondeu! Ele falou!

Acredito que se tem alguma mãe atípica leitora aqui, deve saber como esses “pequenos” lapsos nos deixa feliz!

Enfim eu procuro sempre explicar para o mais novo que o irmão tem esse jeitinho diferente mas que está tudo bem! Não preciso dizer: Seu irmão é autista, pelo menos não nesse momento. Mas deixo claro as diferenças e dificuldades. Digo a ele que como irmão deve ajudá-lo. Ele se sente importante e age como tal!

E eu, como mãe, sigo nos desafios desse espectro faceiro que sempre me acompanhará…

Josileine Pessoa F Gonçalves

Imagem do texto: Arquivo da autora 

Imagem destacada:   https://pixabay.com/images/id-3447075/

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Josileine Pessoa F. Gonçalves

Nascida no município de Niterói – RJ, Moradora de São Gonçalo, onde tambem cursei a maior parte dos estudos no Colegio Estadual Nilo Peçanha. Formada em Letras/Port. – Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Trabalho na área da educação e ensino de inglês. Atualmente ministrando aulas de Produção Textua na rede particular de ensino e aulas de inglês online. Faço parte do Coletivo de Escritoras Vivas de São Gonçalo desde o segundo semestre de 2022 e sou membro da União Brasileira de Trovadores, a UBT São Gonçalo, desde Janeiro de 2023. Colunista da Revista Entre Poetas e Poesias, além da coluna com textos variados, ofereço aos leitores minha "escrevivencia" atípica na Série "Diário de um espectro chamado mãe, onde é possível encontrar textos diversos dentro do universo autista. Sou casada, mãe de dois filhos autistas, poeta, escritora e trovadora sempre gostei de compor e escrever sobre vida e sociedade. Inclusive com composições, paródias e versões para uso educacional. 

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