Avó de palavra
Era uma avó de idade velhota e tinha por lema bem antigo, no dito posterior a filhos, netos e demais familiares que «Ter pouco mas com palavra dada e honrada» era nobre preceito de honra por essencial no seu percurso de vida. Talvez por isso, bastante considerada sempre fora pela aldeia toda, desde o topo ao começo de vale, onde em certos pontos havia fartura que nunca cessava, qual milagre da multiplicação agrícola. Daí até ao colocar de sacos dispostos com legumes e frutas nos degraus primeiros das escadas foi um ligeiro passo, quando tais ofertas não eram mais presenciais, à mão de efusivos cumprimentos. Ou seja, para não haver tanta repetição de prenda, ficava parte do mercado junto ao portão, em silêncio, até ser descoberta e apelidada de praça ou mesmo um celeiro na íntegra ou quase plena quantidade no somatório de fim do mês. Mas também era periodicidade essa, onde avó de trato usual, plantava árvores por jardins solicitados, os quais até pareciam dizer «A floresta toda foi plantada no jardim.» Ocasiões diversas pediam ajuda no endireitar para crescer aprumado o pomar necessitado, ou parte dele, e quando corda não havia, a vegetação tinha sempre resposta na feitura de artefactos que fossem precisos na melhor precisão que lhe desse inspiração a concluída natural corda para eficiente ajuda de trabalho no salutar campo. Sabedoria não lhe faltava, apesar de leituras não terem aparecido em devido tempo, apenas conhecendo a enciclopédia pela diária vivência. E de tudo o que bem aprendera, considerava a palavra dada mais do que suficiente relativamente ao escrito papel, desnecessário visto, antevendo mesmo que no futuro distante, tal não seria assim devido à gente, obviamente diferente. Era pois, avó de palavra, pela honra dada e recebida, inclusive considerada nunca por demais, no trato anotado e deveras elogiado, o qual certamente, perduraria pelo tempo fora em jeito de honroso tributo.
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