Há pouco tempo, eu soube que a escola da minha primeira formação fechou. Desconhecia o fato de que uma escola púbica pudesse ser transformar em um estacionamento! Tudo isso para atender ao crescimento imobiliário súbito, de um bairro nobre de Niterói.
Recebi a notícia com um aperto no coração, pois tinha o objetivo de visitar à escola para matar a saudade e saber notícias acerca da diretora D. Júlia, muito querida e admirada por todos. Senti um misto de emoções e simultaneamente viajei no tempo com doces recordações.
Era um colégio religioso; no centro do pátio ficava a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. Quando entrávamos, fazíamos as filas por série diante da Santa e rezávamos. Oração na entrada, antes do lanche no refeitório e antes de irmos embora. Além disso, todas as quintas-feiras às oito da manhã, a igreja em frente era aberta exclusivamente para os alunos. Um guarda fechava o trânsito e todos nós, uniformizados, atravessávamos a rua em fila e seguíamos para a assistir à missa. Mesmo sendo algo obrigatório, todas as crianças gostavam bastante, eu inclusive!
Relembrando as obrigações, as aulas de Educação Física aconteciam uma vez por semana. Ao contrário de todos, eu detestava! Sempre fui muito ruim em jogos e morria de medo quando jogavam “queimado” porque constantemente, eu era a primeira a levar a bolada! Fiquei livre desse sofrimento quando certa vez, não estava passando bem e a inspetora pediu que eu ficasse na biblioteca. Que maravilha! A sala era retangular com prateleiras de madeira com desenhos em alto relevo pintados em dourado, as cadeiras de almofadas em veludo vermelho que cercavam as mesas redondas. E o cheiro?! Não era um perfume, era uma mistura com a fragrância da cera do chão, limpíssimo, com os livros antigos. Descobri o meu espaço, estava no paraíso!
Na semana seguinte, menti e fui para a biblioteca novamente. Tornou-se uma prática constante, até que a madre veio me procurar por conta das faltas nas aulas, e era algo que eu precisava recuperar. Com a fala de censura, mas um meigo olhar ela sabia o real motivo das mentiras. Então, diante da professora eu concordei em fazer um trabalho enorme sobre a importância das atividades físicas. A pesquisa foi demorada, porém prazerosa. Afinal fiquei muito mais horas dentro da biblioteca, o meu castelo!
Ivone Rosa
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