Você, Escritor! – Texto: “Diário” – Lucas Douglas Maciel de Pinho

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Fonte da imagem: Foto do acervo do autor

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Diário
Lucas Douglas Maciel de Pinho

Hoje é Primeiro de março. Quarto bagunçado, meio maço de cigarro e a angústia que ainda resta, todos presentes. Uma taça de vinho, alguns comprimidos e uma dose de amor.

E deste que eu chamo de amor, me resta ainda o gosto da dor. Amargo, gelado, feito o café que eu tomara pela manhã. Já são quase meio dia, o sol ainda brilha, mas a luz que havia em mim, a essa altura já se apagou.

Vejo teus traços poéticos, silhuetas de tédio, espalhadas pelo chão. Meu peito agora queima, vermelho como brasa, escuro igual carvão.

Em cada traço da poesia, meu peito ainda sentia, que o final seria feliz, mas eu já não te escuto, nem sei o que você diz. Ó, tão puro e singelo véu, que hoje faz de mim teu réu, me chamando da escuridão. Me lembre quando foi que eu perdi meu chão, e se o responsável foi mesmo esse amor, tão sujo e tão cruel, que ainda me maltrata e agora aos poucos me mata, me deixando à tua espera.

Hoje é Primeiro de março, tuas lembranças ainda deixam rastros, de sangue e de suor. Me torno hoje, alguém digno de dó, e ao cortar essa linha, me amarro nesse instante àquela velha e repentina sensação de paz.

Hoje é Primeiro de março, meu corpo ainda será velado, morto pela angústia de não saber mais quem sou. Velo sozinho, meu corpo cansado e frio, e renasço nesse rio, deixando levar a solidão.

Não sei se sou, se serei, se morrerei ou viverei, mas tudo que ainda sei… É que hoje é Primeiro de março, e em cada esquina deixo um pedaço, de tudo que já fui pra ti. Agora então me refaço, criarei novos laços, pra bem mais longe daqui…

Ontem foi primeiro de março.