Duda Rodrigues

num bar italiano

Fonte da imagem: Pixabay

quase hesitei em aceitar o jantar
mas ainda bem que não o fiz
sua roupa tava linda,
o Malbec fazia jus à sua chegada
e eu?
ah, eu escolhi a mesma fragrância da noite do cinema

a todo tempo você dizia me amar
e eu confesso ter acreditado
aceitei dividir contigo a minha cama
e garrafadas do meu uísque mais caro

Mozzarella, Diavola ou Stagioni?
você me perguntava e eu dizia que,
na dúvida, era melhor pedir as 3
o Limoncello que você escolheu desceu rasgando na minha garganta
assim como tudo que eu ainda tinha pra te falar

teu olhar me trazia as mais pacíficas sensações do mundo
e a disritmia de Martinho em nada me afetava
nosso ritmo seguia o teu olhar
sim, aquele mesmo que não desviava a rota da minha boca
e nem se importava disfarçar

sua feição era angelical
capaz de ser tão contemplada
quanto a mais bela obra de Michelangelo,
a Capela Sistina que eu tinha pra chamar de minha,
e o meu romance de verão sagrado
que fora eventualmente destruído por suas atitudes profanas

é, eu acho que os drinks foram excessivos
na terceira taça eu já dizia que tragar um maço de luar com você não era uma má ideia
éramos baseados nisso,
em colecionar momentos
seja com um beijo diante de um pôr do sol
seja com esse jantar
que na verdade eu nem sei se de fato ocorreu
sei lá, eu bebi demais
acho que foi coisa da minha cabeça

eu nem sei falar italiano!

Duda Rodrigues

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Duda Rodrigues

Sou a Maria Eduarda Rodrigues, uma grande admiradora da poesia. Escrevo pequenas ficções e poemas sobre situações com as quais me identifico, principalmente questões referentes à atualidade. Bem vindos!

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