João Rodrigues

Independência?

Independência?

 

Como é que eu posso

Pintar minha cara

Celebrar nas ruas

A Independência

Se somos escravos

Das garras da fome

Dos grilhões do medo

E da violência

Se pra onde olho

Avisto miséria

O pobre abatido

Pedindo clemência?

 

Nas ruas onde vivo

Um batalhão de

Crianças pedintes

Passam desfilando

Em vez de uma farda

Com o verde-oliva

Quase seminua

Elas vão marchando

O som do estômago

Roncando de fome

A marcha terrível

Vai cadenciando.

 

Aqui não se vê

A tal liberdade

Nem terra adorada

Entre outras mil

Os filhos não têm

O doce carinho

Nem a proteção

Da tal mãe gentil

De noite se dorme

Abraçado ao medo

Ouvindo o estrondo

De bala e fuzil.

 

Não há sonho intenso

Nem um raio vívido

De amor e esperança

E nem braço forte

Não se vê grandeza

Nem mesmo futuro

Tanto sofrimento

Não há quem suporte

Todo santo dia

É um desafio

Anda-se abraçado

Com a própria morte.

 

Queria eu poder

Dizer: “Pátria amada,

Tu és a maior

Entre tantas mil”…

Queria eu poder

Ter a igualdade

E dormir tranquilo

Sob o céu anil…

Ah, como eu queria

Que a nação que o Hino

Canta tão bonito

Fosse o meu Brasil!”

 

João Rodrigues

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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