João Rodrigues

Finis

Ouço o gemido da mata sofrendo

A motosserra, de ódio, roncando

A mão humana, em um gesto horrendo,

Ceifa a floresta; ri vê-la tombando.

 

Vidas e vidas… centenas de vidas

Ficam sem sombra, sem pão e sem lar

Humildes almas, ficam ao léu, perdidas

Sem pouso certo ou sem nem pousar.

 

Ouço o clamor do rio sedento

Só pedra e areia no esquelético leito

Aves e bichos dormindo ao relento

Vendo seu mundo perfeito desfeito.

 

Pássaros sem ninhos, emudecem os cantos

Ao ver a selva toda devastada

Na alvorada só se escuta os prantos

De quem só tem a vida e mais nada.

 

Trocou-se o verde por um chão cinzento

O azul do céu por pó e fumaça

Trocou-se o canto por triste lamento

Findou-se aquilo que tínhamos de graça.

 

Ó homem, tu, que feito o rei Midas

Só pensa em ouro! E onde pões a mão

Deixa sem vida milhares de vidas

Para saciar tua sedenta ambição.

 

 

João Rodrigues

 

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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