Pelo caminho de paredes amarelas, adentrei por um portal que possuía um mar de palavras. Onde o tempo era na aurora de uma primavera .
Diversas criaturinhas me observavam com curiosidade.
Mas logo gostaram da minha presença e os olhos brilhantes das criaturinhas, quando observavam as ondas daquele mar, me olhavam com ternura e perguntavam:
Tia, como se escreve crescer?
É que nem peixe em inglês?
Ora, talvez? O abismo entre sh e sc nem é tão grande assim e se for parar para pensar, elas juntinhas parecem mesmo como um peixe.
Crescer é uma palavra bonita, mas não rima com esperança .
Esperança? Bom, também é uma palavra bonita e crescer é uma das melhores formas de se ter esperança, elas podem até não rimar, mas combinam.
E, tia, como se escreve esperança? Eu acho que tem til lá no a e um s na ponta.
Til não tem, nem s, mas sabe de uma coisa? Entrelaçando os dois forma o símbolo do infinito.
Entrelaçando rima com estrelando e os dois combinam com infinito. Essas ondas parecem mesmo não ter fim.
Ah que beleza é ser tia nesse tempo finito onde as criaturinhas tem sabedoria infinita e uma paisagem de um mar que leva até o horizonte da esperança. Sai do portal como se tivesse sido empurrada por um tornado, não via mais as criaturinhas.
O mar de palavras veio comigo em uma conchinha, quando no ouvido a colocava, nela escutava: Tia, como se escreve?
CAMILA FERREIRA DA SILVA – É graduanda em Letras – Português/Literaturas na Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP-UERJ) e mãe solo atípica de um lindo menino. Atualmente, é pesquisadora na área de Literatura pela bolsa de Iniciação Científica na CNPQ, colunista do jornal virtual Clementina de Jesus da FFP. Além disso, é bolsista voluntária do COLEI. Ademais, possui interesses na área de Literatura afro-brasileira, gêneros textuais de Cordel e Quadrinhos, além de estudos discursivos sobre educação antirracista e inclusiva para crianças e jovens.
A imagem que acompanha a postagem é de autoria da Camila Ferreira da Silva.
