O GRANDE ALMOÇO
Almoço de domingo, família numerosa reunida. As pessoas sorriam e comentavam acerca do cheiro agradabilíssimo do prato principal que ainda não chegara à mesa.
Os mais diversos assuntos cruzavam-se de acordo com as posições das cadeiras: os homens mais velhos; política, os rapazes; futebol, as meninas; sobre a mais nova blogueira do momento, os meninos; sobre a nova fase do vídeo game, e os menores nada falavam. Uma jovem mãe, levantou-se para amamentar o bebê que acabara de acordar.
Tudo na mais perfeita interação. Porém, uma menininha despertou minha atenção. Ela aparentava ter cinco anos, cabelos encaracolados, rosto redondo e olhos cor de mel. Um olhar questionador, observava tudo e todos atentamente, e o que mais me intrigava era que ela não brincava com as outras crianças. Poderia ser pela diferença de idade, pensei. Ela realmente demostrava uma inteligência precoce!
Chegou a dona da casa com um largo sorriso e auxiliada por mais duas ajudantes, com a tão esperada especialidade! Quatro travessas da carne bem assada e rodeada por batatas coradas!
Sob o tilintar dos talheres, os assuntos aglomeravam-se. A maioria dos pratos já estavam servidos, o dono da casa levantou-se para iniciar um discurso, silêncio absoluto no recinto, a menininha perguntou em voz alta:
– Que comida é essa, vovô?
– É carne, minha fofinha! – respondeu o avô cheio de ternura.
– Mas qual carne? O nome, vô!
– Ah, é rabada!
– O rabinho da vaca? Aquele que balança?!
– Isso mesmo!
-Tadinha! A vaca ficou “cotó”?! Não quero, não!
Gargalhada geral! A menininha bastante aborrecida protestou:
– Ninguém pode comer o rabinho do bumbum da vaca!
Então pensei: essa menina será vegana e grande defensoras dos animais!
Ivone Rosa