Porque amou um dia

Porque amou um dia

Meus olhos sangram
as lágrimas de Maria.
Pois, há tempo, sabe-se
que era injuriada
por quem amou um dia.

Seu lar? Tornava-se cativeiro.
Seus sonhos? Destruídos.
Seus talentos? Podados.
Seus laços de amizade?
Discretamente proibidos.

Meus ouvidos sangram
os lamentos de Maria,
que na sexta-feira à noite,
foi humilhada e ferida
por quem amou um dia.

Sentia-se algoz de si mesma,
quando lembrava do passado,
por não ter pernas para partir.
Mas sempre tentava descobrir
o que, talvez, fizesse de errado.

Meu coração sangra
o adeus de Maria,
que, finalmente, deixou de sofrer.
E, na certidão, registrou-se assim:
“porque amou um dia”.

 

Por Cleia Nascimento

 

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