Diário de um espectro chamado mãe – Texto: O evento e o rebento.
Quando uma mãe atípica lhe disser:
– Não dá para levar meu filho(a)
Seja lá onde for, acredite ou pelo menos procure saber os seus motivos.
As vezes quando chegamos ao ponto de não querer ir a determinados lugares com nossos filhos, não é por preguiça ou falta de vontade de fazer interação, mas pura e simplesmente porque já tentamos inúmeras vezes e estamos cansadas de passar por situações de stress.
Hoje trago, aos leitores deste diário, um exemplo simples do que acabo de dizer:
O evento era um aniversário. A mãe estava animada para levar seu filho a festa pois não podia deixar de fazer a interação social da criança.
Ela sabia que enfrentaria alguns desafios aos quais estava acostumada mas, nesse dia o espectro travesso resolveu caprichar na trakinagem.
Depois de já instalados na festa, já haviam entregado o presente e cumprimentado a aniversariante e seus familiares.
O menino, como sempre, fez o reconhecimento do local percorrendo todo o ambiente.
A mãe estava atenta e atrás dele o tempo todo.
Depois de algumas “petiscadas” nas guloseimas da festa, poucos segundos sentados e lá vão eles de novo percorrer o local.
O menino sente vontade de ir ao banheiro, porém, ainda em processo de aprendizagem e rotina de higiene pessoal, ele sente a necessidade e simplesmente quer “liberar” onde for e o mais rápido possível.
Ele tira a calça com cueca e tudo, a mãe corre com ele mas não deu tempo de chegar ao banheiro. Ele acha um cantinho gramado e manda vê quase pelado.
A essa hora todos já olhavam de lado e a mãe ainda sem se importar muito com olhares, pois já estava acostumada.
Até que numa certa mesa ela percebe risos maldosos em sua direção.
Ela ignora na hora, sobe a calça de seu filho e continua.
O menino em toda sua inocência segue correndo de um lado para o outro. Já descalço, acaba sem querer prendendo o pé num buraco que a mãe nem sabe de onde saiu.
Lá vai ela correr atrás dele que já ia direção ao portão para que não fugisse.
E enfim, depois de toda correria e uma imensa vontade de sair dali, nem esperaram a festa acabar.
Se despediram com uma desculpa qualquer e foram embora.
Se a mãe sentiu raiva dos que riram dela e do filho? Sim! Muita! Chorou de raiva da situação. Depois de secar a lágrima respirou fundo e pensou que jamais se permitiria passar de novo por aquilo.
Sabemos que não podemos desistir de ajudar nossos filhos a ganhar o mundo e que situações como essa vão sempre acontecer mas depois que a mãe passa por isso algumas vezes seguidas, há um desânimo natural em querer repetir a dose.
O ideal? Não julgá-la.
Se for oferecer ajuda, ajude de verdade.
E por fim, volto a dizer,
quando uma mãe atípica lhe disser:
– Não dá para levar meu filho(a)
Acredite! Não dá mesmo!
Josileine Pessoa F Gonçalves
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