João Rodrigues

Partiu férias!

Para muitas pessoas, nada é mais esperado do que as férias!

Eu estou nesta lista. Para mim, nada melhor do que férias para dar uma esfriada na cabeça e uma relaxada na vida. Poder dormir tarde da noite assistindo a um bom filme, lendo um livro ou batendo um bom papo pelos botequins da vida sem ter que se preocupar em levantar cedo no dia seguinte é uma das maravilhas desse período. Planejar uma viagem é outra cosia que adoro, principalmente quando se trata de ir àquela praia que há tempo está em meus planos.

Aqui no Ceará o que não falta é praia. Da praia de Manibu, em Icapuí, litoral leste e fronteira com o Rio Grande do Norte até a praia de Pontal das Almas, em Barroquinha, litoral oeste e fronteira com Piauí, são mais de 570 km de litoral recortado com incontáveis praias capazes de encantar os olhos mais exigentes. Há praias para quem gosta de surfe, para quem gosta de vento e para quem gosta de calmaria, como é o caso da praia de Maceió, em Camocim.

E foi pra lá que eu fui!

Com águas mornas, areia limpinha e ondas mansas, Maceió transpira tranquilidade. Na orla, diversas barracas oferecem suas mesas para quem quiser ficar à vontade e comer uma peixada tomando uma cerveja geladinha. Um pouco mais adiante, entre coqueiros, pousadas e restaurantes abrem suas portas para quem estiver disposto a desembolsar uns reais a mais; em compensação, oferecem-lhe um bom atendimento e uma boa dose de charme com sua decorações bem ao estilo praieiro.

Antes de cair na água, na companhia de meu filho, dei uma boa caminhada pela areia, ouvindo o murmúrio das suaves ondas e me encantando com os desenhos deixados pelas águas nas finas areias. À minha esquerda o mar assobiava, nos convidando para um mergulho; à direita, cabanas e pousadas charmosas sorriam para nós, sedutoras, convidativas. Na caminhada de volta, passei mais perto delas, olhando-as, admirando seus estilos e decorações. Além dos preços, é claro.

Após uma caminhada de mais ou menos dez minutos, paramos para apreciar as pequenas piscinas que se formavam entre os corais, enfeitadas por pequenos peixinhos e siris. Ao lado, um piscina natural ainda se mantinha viva, deixada pela baixa da maré, onde algumas crianças aproveitavam para construir castelos e brincar.

Na areia, banhistas jogavam bola, tiravam fotos, tomavam sol e batiam papo. Nas barracas, alguns bebiam, comiam, ouviam música ou dormiam deitados em redes. O sol, preguiçoso, não apareceu em todo o seu esplendor, facilitando a vida de quem se divertia na areia.

Eu, que me revezava entre a barraca, a areia e o mar, aproveitei para jogar fora toda a carga do ano passado, na esperança de começar o ano novo mais leve, mais solto, mais tranquilo. Apesar de ter nascido e me criado no sertão, é na praia que me sinto mais à vontade, mais em contato com a vida, mais eu.

Entre um mergulho e outro, meu espírito se aliviava das pressões externas e meu corpo relaxava, como se minha alma tivesse se desprendido deste mundo e não houvesse mais trabalho, contas a pagar, problemas a serem resolvidos. Ah, nada melhor do que o mar para nos dar esse sentido de liberdade. Ver as ondas naquele vai e vem constante, deslizando suavemente até a areia e retornando para o mar dá a impressão de que deveríamos ser assim, livres, soltos, curtindo a vida a nosso bel-prazer.

No horizonte, por um momento não se sabe onde termina o mar nem começa o céu, parece que os dois se emendam, tornando-se um só. Vê-se apenas que as águas vão até aonde os nossos olhos alcançam, mas sabemos que elas vão muito além de nosso curto olhar. Assim, noto o quanto sou limitado e frágil, mas procuro viver a grandeza do momento, absorver do mar um pouco de sua força para sentir a vida pulsar com mais intensidade.

Afinal, o agora é tão efêmero, que se passa antes que eu termine esta crônica. Mas o bom é que o agora também é um eterno presente.

Quem dera as férias fossem eternas…

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João Rodrigues

Nascido em Riacho das Flores, Reriutaba-Ceará, João Rodrigues é graduado em Letras e pós-graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estácio de Sá – RJ, professor, revisor, cordelista, poeta e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes e da Academia Virtual de Letras António Aleixo. Escreve cordéis sobre super-heróis para o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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