Brincando com Manuel de Barros
Brincando com Manuel de Barros
O transporte público lotado
Que mesmo correndo perdi,
No temporal daquele dia
Deixou-me poesia…
A vendedora de balas
Com o filho nos braços,
E sorriso isento de alegria
É importante para a poesia…
O cansaço do ancião
Desenhado pelos anos
Nas linhas de suas mãos
É arte preciosa para a poesia…
A apatia do funcionário
Que somente cumpre horário,
Displicente, sem energia,
Muito serve à poesia…
O arroz que queimou
Por segundos de distração
Em que viajamos em fantasias
Alimenta a poesia…
O amor não correspondido,
O dever não cumprido,
A solidão em noites frias
São prato cheio para a poesia…
Da falsa felicidade,
Das líquidas amizades,
Das redes sociais a hipocrisia
Socorre-me a poesia…
Tudo o que não se explica,
Tudo aquilo que não se aplica,
Que dá frio no estômago, agonia
Acaba em poesia…
Cleia Nascimento
Fonte da imagem: pixabay.com/pt/photos/álbum-de-poesia-um-livro-couro-3433271/