Marcos Pereira

UM ENCONTRO DE SI POR SI MESMO

Amanheceu. Deparo-me com o sol iluminando o interior do cômodo o qual me encontro de forma descomunal.

Ao mesmo tempo, minha mente respondia ao apelo do astro rei dizendo-me que estava na hora de levantar.

Começo o dia fazendo as tarefas do cotidiano, coisas que todos nós, independente de credo ou classe social, todo esse cerimonial, é uma forma de dizer: “Você está vivo”.

No trajeto até ao trabalho, vivencio cenas inusitadas.

É incrível como as ruas, os bairros e os municípios ditam regras aos seus moradores.

Ao me direcionar ao ponto, posso observar estudantes indo ao colégio e dentre eles identifico várias tribos (se posso chamar assim), pois cada grupo possui seu estilo próprio.

Entrando no ônibus percebo que a visão que tive anteriormente permanece. Porém, com outro perfil.

Chegando à estação das barcas o cenário visto no trajeto feito pelo ônibus muda. Não vejo as tribos identificadas nos jovens, não ouço a conversa das vizinhas disputando quem tinha mais doença, da mãe que falava ao filho para se comportar com a tia do colégio, do jovem que mesmo estando com seus fones de ouvido faz todos ouvirem a sua música. (Creio ser a sua predileta, pois ela tocou repetidamente).

Agora o cenário é outro. Homens engravatados, mulheres maquiadas e com penteados e conversas sobre projetos, sistemas e economia.

Ao sentar na embarcação, tiro meu livro para dar continuidade ao capítulo inacabado, mas sou interrompido por uma jovem sentada a minha frente que brigava com ex-marido pela guarda do filho. Por diversas vezes essa jovem se exaltou, chamando a atenção de todos e tornando o assunto popular. Isso foi suficiente para não faltar sugestões, suposições e críticas.

Nesse intervalo entre ouvir e falar, outro passageiro entra em cena: ele falava ao celular dando ordens ao seu suposto funcionário para finalizar um projeto – Dizendo: “Isso será o nosso passaporte para a permanência na empresa”. Falava repetidamente no celular que confiava muito no serviço do suposto funcionário, informando-o que já estava chegando para auxilia-lo. (detalhe, a barca nem havia saído de Niterói).

Mediante a todo esse burburinho, e sem poder dar continuidade à minha leitura, passo a observar os demais passageiros e nessa observância, vejo de tudo um pouco. Um espaço eclético onde cada um exerce suas matrizes e isso fica registrado através dos cortes de cabelo, roupas, tatuagens e até mesmo no tipo de leitura.

Ao chegar ao Rio, continuo com meu campo de observação e me deparo com outras cenas. Porém, com um forte apelo aos já comentados acima.

É engraçado poder identificar como cada indivíduo conserva as suas características apesar de adentrarem nos espaços adversos aos seus. Tentando um encontro de si em si mesmo.

Marcos Pereira.

 

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