Marcos Pereira

A PRISÃO

Um espaço que pensamos ser destinado a todos aqueles que cometeram ou comentem algum ato ilícito. Porém, quando falamos de aprisionamento, não podemos esquecer de citar que a pior pena do homem é ter sua mente enclausurada nos calabouços do seu próprio corpo. Nela, não existe tempo pré-determinado a se cumprir para a sentença deflagrada pela sociedade. Nenhuma lei, juiz ou advogado servirão para atuar na defesa ou na acusação deste indivíduo. As grades de sua mente, serão eternas, enquanto perdurarem toda ausência de direito a ele estabelecido. A liberdade deste prisioneiro, advém da valorização e do reconhecimento dos seus próprios referenciais.

A sociedade é mestre em fazer o papel do juiz, mas esquece que a sentença não pode ser promulgada sem antes conhecer o histórico de cada sentenciado decretado por ela própria, pois o veredito só pode ser conclusivo quando elencamos todas as agressões, submissões e humilhações que este indivíduo é obrigado a aceitar dentro das condições a ele concedido.

A séculos vivemos sob as amarras dos tabus sociais. Os quais julgamos ser válidos para um bom viver na sociedade. Porém, esquecemos que nós seres humanos não somos e nunca seremos iguais. Possuímos opiniões, costumes e referencias diferenciadas. Assim, nascem os conflitos e transtornos que nos levam a condenação da prisão emocional e racional, comprometendo todo um processo de vida. O medo de ser diferente afeta diretamente o que queremos e idealizamos, deixando-nos prisioneiros dentro de nós mesmos.

O que devemos pensar é que para se julgar ou penalizar um indivíduo, precisamos ter conhecimento, esclarecimento e acesso das oportunidades a ele concebidas pela própria sociedade, pois para o julgado, sempre estará intrínseco em sua memória todo o seu histórico de vida, assim como tudo que lhe foi ensinado. A referência gravada em sua mente é o que lhe direcionará no seu futuro. Se este não tiver a diretriz de ascensão das oportunidades que tanto necessita, jamais sentirá a sensação de igualdade e liberdade perante todos.

Mahatma Gandhi dizia: “A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.”

Saber interpretar as experiências alheias, é fundamental, pois o mundo ainda caminha a passos lentos para aceitação, reconhecimento e inclusão de todas as realidades que a sociedade está inserida, pois hoje, vivemos dias sincrônicos, onde não podemos mais nos abster da presença desses indivíduos que se mantiveram por muito tempo na escuridão.

Marcos Pereira

 

 

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