FALA AÍ, JUVENTUDE!

Fala aí, Juventude! Série: “Júpiter e Suas Quatro Luas” (capítulo 2) – SALGADINHOS – Izabeli Araújo

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Série: Júpiter e suas quatro luas

(Capítulo 2)

SALGADINHOS

  — Ei! A noite de ontem foi incrível, né, né, né!?— Enquanto andava ainda meio sonolenta pelos extensos corredores da escola, ouvi a voz familiar de Vívian, logo virando para a mesma e dando um breve sorriso desajeitado, enquanto esfregava suavemente meu olho para não acabar machucando.

     — Ah, sim, foi realmente boa, e o Alexy? Não vem hoje? Você viu a Alicia? — perguntei sentindo falta dos meus outros dois melhores amigos, já que eles sempre chegavam na escola junto comigo, porém, dessa vez, tinha sido diferente, já que não encontrei nenhum dos dois nem pelos corredores, talvez algum deles tenha até passado por mim, mas, devido à minha sonolência, não reparei.

     — Alexy avisou que não vinha hoje, já Alicia… bem… não sei! Melhor irmos para aula, se não, vamos nos atrasar! — Vívian saiu correndo, enquanto me puxava pela mão, sendo assim, fui obrigada a correr também.

     — Vívian, espera pelo amor de Deus!

     E assim passou o dia, aulas, deveres, anotações, explicações, acho que eu poderia dizer que um dia normal como qualquer outro. Por fim, eu e Vívian estávamos sentadas na entrada da escola, alguns alunos já estavam indo embora como de costume. Hoje era mais um dia do clube de astronomia, a única diferença é que seria apenas uma aula normal, sem telescópios ou algo do tipo, até eu avistar ela.

     — Estefane! Aquela não é a Alicia indo embora? — Vívian aponta para a mesma.

     — E… eu acho que é. Eu vou lá falar com ela, pode ficar com minha mochila? — Antes mesmo de Vívian me responder, coloquei minha mochila sobre o colo dela e sai na disparada correndo atrás de Alicia, até enfim encostar no ombro dela e ela se virar em minha direção.

     — Estefane? Pensei que você tinha clube de astronomia agora…— Ela cruzou os braços se afastando um pouco, fazendo com que eu largasse o ombro dela.

     — Sim… você… tá certa! — falei entre pausas as palavras, por conta do meu cansaço e minha respiração ofegante. Eu nem tinha corrido tanto, talvez estivesse um pouco sedentária. Respirei mais um pouco, antes de continuar a falar.  — Não te vi hoje nem nos corredores! Está tudo bem? Hoje você não vai ao clube de novo, né?

     — Você não me viu por que eu estava com outras pessoas. — Ela deu um longo suspiro antes de continuar. — Eu não sei se quero mais participar do clube…

     — Não? Tá tudo bem então, não é legal alguém ficar em algo que não gosta né? — estava pronta para fazer um simples ‘toca aqui’ com ela, porém, Alicia saiu andando antes disso.

     — Imagino que sim…— a voz dela soou meio… meio enjoada, imaginei que ela apenas estava em um dia ruim.

     — A gente se vê amanhã! — falei quase gritando, já que ela já estava em uma distância um tanto quanto longa. Quando perdi ela de vista, dei meia volta andando de volta para Vívian.

    — E aí? O que rolou? — Ela perguntou enquanto eu me sentava novamente do lado dela, logo em seguida, pegando minha mochila do colo dela e colocando-a nos meus pés.

     — Ela falou que eu não vi ela hoje, porque ela estava com outras pessoas. E sobre o clube, ela falou que não ia mais participar dele.— Dei os ombros enquanto pegava o resto do meu salgadinho que tinha sobrado do intervalo. — Quer salgadinho? — estendi os salgadinhos para Vívian, vendo a mesma franzir as sobrancelhas.

     — Outras pessoas? Nem sabia que ela tinha outros amigos. — Dei uma leve cotovelada na mesma, fazendo com que o salgadinho que ela ia pôr na boca caísse no chão.

     — Não fale como se ela não tivesse outros amigos… talvez fosse até sobre trabalhos escolares! — Alicia de fato não era da nossa turma, eu e Vívian éramos no 601, enquanto ela e Alexy eram do 602.

     Vívian olhou para o salgadinho no chão, fechou os olhos e colocou a mão no coração e eu apenas fiquei observando ela, sem entender nada por uns minutos.

    — Você tá passando mal? — quebrei o silêncio entre mim e ela ao fazer minha pergunta, ela instantaneamente virou para mim com uma cara bem triste.

     — Eu ia comer o salgadinho. — ela colocou as suas mãos sobre a boca, franziu as sobrancelhas e balançou sua cabeça negativamente.

     — Ah, para! Pensei que era alguma coisa séria! — Me levantei após ver no meu relógio que estava na hora de irmos, logo jogando o pacote de salgadinhos no lixo e estendo a mão para Vívian que ainda parecia triste com por causa do pobre biscoito no chão. — Vamos logo, amanhã compro um pacote só para você!

     No mesmo instante, ela se levantou em um pulo com um grande sorriso no rosto, ignorando minha mão estendia para ela.

     — Certo, vamos nessa! — E lá foi ela saltitando não minha frente. Não sabia que ela gostava tanto assim de salgadinhos.

     Os anos começaram a passar, acho que cada vez mais rápido, nesses anos meu amor pelo espaço só aumentava, meu passatempo era pesquisar e pesquisar sobre estrelas, cometas e tudo que havia de bom e de melhor no universo. Alicia, cada dia mais estava diferente, mas as pessoas mudam, certo? Talvez ela só esteja passando por uma fase difícil, sempre que eu tentava ajudar, ela colocava um pé para trás, falando que estava ótima ou que era só impressão minha.

     Porém, as aparências enganam, e eu tive que aprender isso da pior maneira possível.

     Era final do nono ano, eu, Alexy, Vívian e Alicia tínhamos combinado de irmos para a mesma escola, a Golden HS. Porém, o único meio de passar era fazer a prova e, por causa disso, por pouco meu sonho foi por água abaixo.

(Continua, no próximo capítulo)

Izabeli Araújo começou a escrever livros pelo famoso aplicativo Wattpad, em 2017. Porém, confessa que teve que parar de escrever por um determinado tempo por conta da escola. Ela sempre amou escrever, já que podia criar um universo apenas usando as palavras. Convido você a conhecer o trabalho dessa autora talentosa, vem conosco, embarque nessa jornada!

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Erick Bernardes

A mesmice e a previsibilidade cotidiana estão na contramão do prazer de viver. Acredito que a rotina do homem moderno é a causadora do tédio. Por isso, sugiro que façamos algo novo sempre que pudermos: é bom surpreendermos alguém ou até presentearmos a nós mesmos com a atitude inesperada da leitura descompromissada. Importa (ao meu ver) sentirmos o gosto de “ser”; pormos uma pitadinha de sabor literário no tempero da nossa existência. Que tal uma poesia, um conto ou um romance? É esse o meu propósito, o saber por meio do sabor de que a literatura é capaz proporcionar. Como professor, escritor e palestrante tenho me dedicado a divulgar a cultura e a arte. Sou Mestre em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e componho para a Revista Entre Poetas e Poesias — e cujo objetivo é disseminar a arte pelo Brasil. Escrevo para o Jornal Daki: a notícia que interessa, sob a proposta de resgatar a memória da cidade sob a forma de crônicas literárias recheadas de aspectos poéticos. Além disso, tenho me dedicado com afinco a palestrar nas escolas e eventos culturais sobre o meu livro Panapaná: contos sombrios e o livro Cambada: crônicas de papa-goiabas, cujos textos buscam recontar o passado recente de forma quase fabular, valendo-me da ótica do entretenimento ficcional. Mergulhe no universo da leitura, leia as muitas histórias curiosas e divertidas escritas especialmente para você. Para quem queira entrar em contato comigo: ergalharti@hotmail.com e site: https://escritorerick.weebly.com/ ou meu celular\whatsapp: 98571-9114.

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