Marcos Pereira

As evidências do abismo social brasileiro.

Foi necessário uma pandemia para que os órgãos públicos começassem a pensar e ver com detalhes o perigo exposto que os moradores de comunidades vem enfrentado há décadas.

Muitos julgavam que o maior perigo evidente das comunidades, era o crime organizado. Porém, enganaram-se. Agora sabemos que a falta de estrutura e serviços básicos são mais perigosos do que a violência que estas comunidades representam conforme a mídia.

Antes, o absurdo de não se ter água potável, coleta de lixo, saneamento básico entre outros serviços, não incomodavam, mas agora com a pandemia instalada em todo o território nacional, isso virou um grande problema.  Até porque o vírus é transmitido através da circulação das pessoas e como todos nós sabemos, o serviço de exploração dos mais abastados, é feito em cima dos favelados.

Contudo, esquecem que quem trouxe o vírus, foram aqueles que mais posse possui, mas o perigo na visão deles, mora na favela. Também, aos olhos de muitos, é neste recinto que mora tudo que não presta ou pode ser descartado. Com exceção de uma única coisa, a mão de obra barata, pois esses favelados, jamais serão doutores, engenheiros, políticos e etc.

Caso um desses indivíduos cheguem a um cargo politicamente correto, são exterminados. Afinal de contas, quem são eles para influenciar/mudar a política daqueles que sempre detiveram o poder? Pois é, esse exército da mão de obra barata e explorada, necessita de oportunidades e essa só virá, quando todos começarem a pensar que essa massa desprovida de direitos básicos, também podem ser parte integrante da mesma sociedade que pertencemos.

Em sua teoria, Karl Max dizia:  o que possibilita a um capitalista obter uma renda superior ao salário que ele paga ao seu empregado é exatamente o mesmo fenômeno que torna possível a um dono de escravo auferir ganhos em decorrência do trabalho escravo.

Agora, as mesmas classes que sempre viram a ausência dos direitos alheios como simplesmente uma forma de toli o crescimento dos menos abastados, estão correndo riscos idênticos, mas com um diferencial, eles são assistidos pelos serviços básicos.

Essa ausência de investimentos, agora se mostra uma necessidade evidente, pois como vamos combater o vírus se as pessoas das comunidades não possui o mínimo para tentar conter a contaminação? Como lutar contra um vírus que se aproveita da ausência de água e sabão?

Talvez, nunca saberíamos disso. Até corrermos os mesmos riscos de sermos infectados, pois o vírus não circula e sim a população, independentemente de ser carente ou não.

Em pleno século 21, ainda possuímos uma grande parte da população sem ter acesso as condições descritas na constituição.

Há várias décadas, o que ouvimos e presenciamos é a ausência de recursos, para os direitos dos cidadãos, mas para o fundo eleitoral e outros serviços políticos, não se tem ausência de recursos.   Talvez, se os nossos políticos investissem mais em serviços, como moradias, saneamento básico entre outros, não tivéssemos de nos preocupar com tantas outras consequências geradas por esta pandemia.  

Enquanto a China agonizava com vírus, o mundo observava, mas quando o Covid-19 chegou ao chamado berço da humanidade (Europa), o mundo começou a se arquitetar, apesar de muitos acharem que não eram vulneráveis a ele.

Hoje, acompanhamos atônitos a uma verdadeira catástrofe mundial e pelos estudos já realizados, ainda viveremos muito mais em função de um vírus que mostra a humanidade a verdadeira vulnerabilidade que todos nós estamos expostos, independente de sermos ricos, pobres, moradores da zona sul, brasileiros ou não, devemos nos perguntar: o que esse vírus quer mostrar a humanidade?

Ao meu ponto de vista, acho que nem precisamos de muito tempo para responder.

Marcos Pereira

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