Série – Curiosidades Literárias – Cap.#13 – Crônica: “O Anjo sem asas de Hamburgo e seu papel na Alemanha nazista” – Renato Cardoso

Série publicada às quartas na Revista Entre Poetas & Poesias - Instagram: @professorrenatocardoso / @literaweb / @devaneiosdumpoeta / @revistaentrepoetas

Estava em casa vendo um documentário no Youtube sobre civilizações antigas (sempre gostei muito de história, principalmente daquilo que é desconhecido de nós) até que o que estava vendo acabou e começou outro, desta vez falando sobre a Segunda Guerra Mundial.

O documentário falava mais especificamente sobre pessoas que ajudaram o povo judeu a fugir do Nazismo de Hitler. Ao ver, fiquei pensando se existia algum brasileiro que tenha feito tal ato, e se tivesse se o mesmo teria alguma relação com a escrita. E descobri que sim, existiu.

Antigamente, vários escritores famosos eram diplomatas, cônsules ou representantes do Brasil no exterior, eles compunham as embaixadas de locais estratégicos. O Brasil estava sob a Ditadura da Era Vargas e o mundo estava prestes a conhecer os horrores da Segunda Grande Guerra Mundial.

João Guimarães Rosa estava como cônsul-adjunto na embaixada do Brasil na Alemanha, onde ficou de 1938 a 1942. Mas ele não é a personagem principal desta história e sai, sua esposa Aracy Mobius de Carvalho Guimarães Rosa.

Nascida no Brasil, mas filha de alemã, foi morar com a tia em Hamburgo, após a sua separação. Como no Brasil o divórcio ainda não era reconhecido e o mesmo era muito mal visto (principalmente para mulher), foi o que definiu sua ida para Alemanha.

Lá, ela foi trabalhar na Seção de Passaportes do Consulado brasileiro. Foi o que fez a grande diferença. A futura esposa do autor de “Grande Sertão: Veredas”, uniu-se ao escritor para tentar salvar o máximo de judeus possível, enviando-os para o Brasil.

Por aqui, Getúlio Vargas decretava a Circular Secreta 1127, documento que restringia a entrada de judeus no país. O governo brasileiro “namorou” com o governo nazista até 1942, quando definitivamente entrou para os Aliados.

Fiquei cada vez mais interessado pela história, afinal precisava saber como eles conseguiram fazer tal feito sem serem pegos e quantas pessoas eles salvaram. Continuei as pesquisas…

Guimarães Rosa e Aracy bolaram um plano, onde Rosa falsificava os passaportes dos judeus e Aracy fazia com que seu chefe assinasse sem saber. Para isto, ela colocava a documentação em questão junta as demais. Tudo era assinado.

E quantas pessoas foram salvas? Acredita-se que o número chegou a quase cem vidas judias salvas da maior barbárie da história mundial. Em 1942, o já casal decidiu romper relações com a Alemanha e regressaram ao Brasil.

No Brasil, eles não puderam casar, pois, como já dito, o divórcio não era reconhecido. Mas nada que eles não poderiam resolver, logo foram até a Embaixada do México no Brasil e casaram.

Ficaram juntos por 20 anos, quando Guimarães Rosa faleceu, deixando sua maior obra (já citada) em homenagem a sua amada. Mas como essa história ficou conhecida?

Em 1980, uma das mulheres judias salvas por Aracy resolveu tornar público todo o ato, que seria reconhecido em 1982, quando a mesma recebeu o título de Justa entre as Nações, homenagem a não judeus que arriscaram a vida para salvar o povo durante o Holocausto.

Fiquei emocionado com tudo que li e vi. História inspiradora…


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