Série – Curiosidades Literárias – Cap.#12 – Crônica: “Um “sambista” que nunca sambou – quem foi Marquês de Sapucaí?” – Renato Cardoso

Instagram: @professorrenatocardoso / @devaneiosdumpoeta

O carnaval chega e a alegria aumenta. Muitos gostam de ir para folia, outros preferem o recanto de seus lares (confesso que sou um deles). Eu gosto de acompanhar os desfiles das escolas de samba pela televisão e nada mais (hábito desenvolvido na infância, quando acompanhava os desfiles junto a minha avó).

Sempre me perguntei quem era o Marquês de Sapucaí, que dava o nome ao sambódromo? (depois descobri que não era ao sambódromo). E se ele teria alguma relação com a literatura.

Vendo o noticiário local, soube que a avenida onde as agremiações passam completará 40 anos de inauguração. A curiosidade, que já era grande, aumentou ainda mais. .

Primeiro item era saber quem era a pessoa que dava nome o local. Confesso que não foi difícil achar as informações sobre Cândido José de Araújo Viana, o marquês de Sapucaí. Ele nasceu no dia 15 de setembro de 1793 em Nova Lima, Minas Gerais.

Ele exerceu diversos cargos, sendo alguns importantes como: desembargador, deputado, senador, ministro de justiça e ministro da fazenda.

Aliás, foi ele que criou a lei onde todo senador deveria se chamado de “Sua Excelência”. Teve um contato muito próximo com a família real, desde o período da regência, com D.João VI, até o período imperial com D.Pedro I e D.Pedro II.

Mesmo assim fiquei pensando qual seria (e se teria) a ligação dele com a literatura? Para minha surpresa havia sim certa ligação. Pus-me a pesquisar ainda mais…

Descobri que o mesmo foi designado como mestre de literatura e ciências positivas do príncipe D. Pedro II e também cuidou da educação da Princesa Isabel.

E o samba? Teria ele alguma relação com o estilo musical genuinamente brasileiro? A resposta é NÃO! Apesar de poeta e trovador, Cândido não tinha ligação alguma com o samba, que ainda não havia se desenvolvido da forma como conhecemos em nosso solo.

Ele, mesmo tendo uma vida pública muito intensa, despertou um interesse pela música, compondo canções que ficaram muito conhecidas em sua época. Dentre elas estão as modinhas “Já que a sorte destinava”, “Mandei um eterno suspiro” e a quadra “Primeiro Amor”.

O senador vitalício recebeu o título, primeiro de visconde em 1854, depois de marquês em 1872 pelo imperador D.Pedro II, pelo qual nutria certa amizade, podendo dizer que “fazia parte” da família.

Devido ao título, seu nome ficou muito conhecido, fazendo com que anos depois o mesmo nomeasse a avenida do samba. Ele era considerado uma pessoa rabugenta, até mesmo, chato.

Mas não podemos negar que foi altamente condecorado, ganhando diversos títulos ao longo da vida, como: dignitário da Imperial Ordem de Cristo e da Rosa, além de Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e da Legião de Honra. Era do Conselho de Sua Majestade, Gentil-Homem da Imperial Câmara e Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial.

Na verdade, o sambódromo foi batizado com outro nome (Professor Darcy Ribeiro), que não da avenida na qual está inserida. A avenida é uma coisa e o sambódromo outra. Ele morreu aos 80 anos, no dia 23 de janeiro de 1875, no Rio de Janeiro.

Em 2016, Cândido foi homenageado pela escola Beija-flor com o enredo “Mineirinho Genial! Nova Lima – Cidade natal. Marquês de Sapucaí – o poeta imortal”.

De fato ele ficou eternizado pelo samba, pela literatura e pela história. Agora já sei quem foi ele. Vamos para próxima curiosidade…

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Link da imagem destacada: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Visconde_de_Sapucahy_-_Litografia_(cropped-2).jpg

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