À moça Cecília ( pelo Dia Internacional da Educação)
(Imagem disponível em: https://www.elfikurten.com.br/2011/02/cecilia-meireles-poetiza-educadora.html#google_vignette)
Moça Cecília, por que me abandonastes?
– No seu caminho, fico sem cultura.
Moça Cecília, por que me abandonastes?
– Nas suas folhas, sinto-me segura.
Moça Cecília, por que me abandonastes?
– Na sua história, corro sem amargura.
(O poema acima busca um diálogo fraterno com Cecília, poeta de voz, de todas as etnias e de todos os afetos – abaixo, um poema acolhedor)
Despedida (Cecília Meireles)
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
– Por não Ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação…
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra…)
Quero solidão.