Carina Lessa

À moça Cecília ( pelo Dia Internacional da Educação)

 

(Imagem disponível em: https://www.elfikurten.com.br/2011/02/cecilia-meireles-poetiza-educadora.html#google_vignette)

 

Moça Cecília, por que me abandonastes?

– No seu caminho, fico sem cultura.

 

Moça Cecília, por que me abandonastes?

– Nas suas folhas, sinto-me segura.

 

Moça Cecília, por que me abandonastes?

– Na sua história, corro sem amargura.

 

(O poema acima busca um diálogo fraterno com Cecília, poeta de voz, de todas as etnias e de todos os afetos – abaixo, um poema acolhedor)

 

Despedida (Cecília Meireles)

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
– Por não Ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação…
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra…)
Quero solidão.

 

 

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Carina Lessa

É ficcionista, poeta, ensaísta e crítica literária. É graduada em Letras, mestre e doutora em Letras Vernáculas pela UFRJ. Desenvolve projeto de pós-doutorado no IEB/USP. É professora convidada nos cursos de pós-graduação em Neurociências e Educação da FICS (Facultad Interamericana de Ciencias Sociales) e do Núcleo de Formação Irene Maluf. Atua como professora de graduação e pós-graduação nos cursos de Letras e Pedagogia da Unesa. É membro da Associação de Linguística Aplicada do Brasil e da ABRALIC.

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