Estéril poeta

Estéril poeta

Eu já escrevi sobre tantas coisas

Frases enigmáticas e concisas

Mas, nunca lhe escrevi uma linha sequer

E a razão, lhe explico mulher!

São insignificantes as rimas

Absolutamente lacônicas as obras-primas

Que minha mente possa produzir

Jamais serei capaz de arguir

Com a precisão que lhe faça justiça

Minha epiderme se eriça

Os olhos se consomem

Nas chamas que queimam este pobre homem

Toda vez que tento te transcrever

Não sei dizer!

Com palavras do meu vocabulário

Com a precariedade das gírias do meu dicionário

Sobre a fraqueza que invade minha alma

Quando num ímpeto e raro momento de calma

Tento transformar-te em poesia

Maligna heresia!

Deste poeta fracassado

Animal desorientado

Se aproximando cada vez mais do nada

E se distanciando da palavra desejada

Para resumir sua importância

Uma frase qualquer, que venha saciar esta ânsia

De te resumir

Uma missão que não consegui cumprir

E por isso me calo em sua presença

Na intenção de que meu silêncio talvez convença

Com maior primor que as palavras que tenho

Juro, não é falta de empenho

No entanto, minha senhora

Declaro-te agora

Que o seu existir fez-me estéril poeta

Condenado gameta

Uma vez que sua graciosidade

Amputa minha criatividade

fonte da imagem: https://www.pexels.com/pt-br/foto/fotografia-de-close-up-de-papel-amassado-963048/

 

 

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