RELAÇÕES, DE HELENO GODOY

RELAÇÕES, DE HELENO GODOY

 

Por Elias Antunes

 

Em Relações, Heleno Godoy construiu um clássico, isto é, um livro que pode ser lido em qualquer tempo sem decair sua qualidade e sua relação com a humanidade e sua verossimilhança.

 

“um dia como outro, qualquer dia, aquele ou antes: a cidade com seus contornos até quando a linha do horizonte (…)”

(GODOY, 2006, p. 19)

 

Assim começa o romance, com minúscula mesmo, e com a forma da continuidade, como se quisesse dizer que uma história é um recorte de algo maior, por isso não começa do começo, nem termina no fim.

O texto aproxima-se do fluxo da memória, mas está muito bem construído, com palavras exatas e necessárias, exercendo o prazer estético da boa leitura.

Emblemático que as personagens, alguns, um vão chegar à loucura.

Lembra uma viagem dentro da família, como um personagem (ou muitos), são muitas vozes, quisessem dar sua versão dos fatos, chegando a seus pontos de vistas que elucidam, mas deixam brechas e, mais que isso, sequelas.

Heleno Godoy é um narrador exímio que domina as ferramentas das palavras e constrói, com o rigor necessário, uma narrativa brilhante, como a melhor produção de um Raduan Nassar ou um José Condé.

 

“E botava fogo na roupa também, eu lembro quando ele chegava na casa da mamãe, que ele ia muito lá (…)”

(GODOY, 2006, p. 73)

 

O personagem piromaníaco e louco vivia apenas para o aqui e agora. Acredito que com a demência, perdemos as linhas do tempo e as barreiras entre o vivido e o imaginado.

Heleno Godoy sabe se posicionar frente às múltiplas vozes narrativas.

Com esse livro, Godoy sobressai-se tal um construir de histórias que se situam dentro do espaço mágico e da família.

Podemos identificar nuances que ocorrem em várias famílias, como se repetissem os mesmos dramas, todavia aqui há todo pode de narrado de um verdadeiro mestre da escrita.

 

 

Fonte da imagem: Foto do autor.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo