Você é meu vício.

Você é como um vício, me mata de pouco a pouco, preciso falar sobre você, pensar sobre qualquer coisa envolvendo você, escrever mil palavras e mais sobre você, imaginar que cada música de amor que escuto é sobre você. Você de fato é viciante, me causa abstinência mesmo eu tendo te enterrado, no cemitério das minhas lembranças, com um lindo arranjo floral mórbido e regado com lágrimas vindas da alma. Você é vício, um tão belo, encantador, desejável e hipnótico, como Afrodite é para todos. Me fascinou com os seus olhos profundos como um estrela no céu da meia-noite, com seu corpo esculpido em uma obra do romantismo, com seus lábios que proferem coisas diversas e intrigantes, com seu toque que é o mais perto que uma pecadora como eu irei chegar do paraíso, se é que existe um, e, com seu beijo virou meu pobre e monótono mundo de cabeça para baixo.

Você foi sádica e cruel, me viciou e depois deixou-me largada como um mero brinquedo que não se quer mais, e agora? O que faço pra me livrar de tal amargura? Sou poetisa, e como todos os poetas, transformo as dores  do meu coração velho e cansado em poemas lindos, para corações novos ou tão puídos quanto o meu, e adivinha? Você é minha maior dor e inspiração pra escrever. Seu doce e doloroso amor me faz passar noites em claro cuspindo no papel sobre a forma que você, e suas instigantes e impiedosas promessas de amor e eternidade me destroçaram. E sabe o mais ironicamente patético olhos castanhos? É que você nunca sequer vai lê-los, você nunca vai ter o enorme prazer de se ver pelos meus olhos, nunca saberá o quanto me importo, e o quanto você já me fez  e ainda me faz sentir.

Você é vício, todos sabem que vícios não são saudáveis, que consomem como brasa em vendaval e só deixam no fim às cinzas. Você é meu vício, não consigo tirar a vontade de querer você, de precisar de você da minha cabeça, mesmo que me esforce, mesmo quando digo que você não significa nada mais na minha vida. É uma mera máscara forjada para um coração amargurado, quebrado e esdruxulamente vulnerável. Eu sou masoquista o bastante para não querer a armadura, mas não burra o suficiente para pensar que não preciso vestir uma contra você. Ela pesa no corpo e é enferrujada, mas é melhor qualquer coisa, que coisa nenhuma, para salvar o pouco que me restou de mim.

Você era vício, sempre é sobre você, ainda hoje, quando escrevo, quando canto, quando corro do que tanto quero porque sei que não preciso, quando luto pra pensar que não posso pensar em você, quando batalho pra esquecer de lembrar de você, quando tento não sentir pavor de outros olhos me jogarem em outro inebriante vício, quando torço para nunca mais sentir seu cheiro. Mesmo não sendo mais minha…. eu ainda sou sua…. nunca se cura um vício, sempre haverá ser um cabo de guerra, para não voltar a ser viciada ,e ter somente um vício.

 

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