Série – Histórias Avulsas – Cap.#02 – Crônica: “Um, Dois, Três… e a América é nossa outra vez” – Renato Cardoso

As ruas iam se esvaziando. Nos bares começavam as aglomerações. As camisas rubro-negras pintavam o ambiente urbano tão acinzentado. Os ruídos de buzinas, obras iam dando lugar aos gritos da torcida, as conversas animadas.

Série – Histórias Avulsas – Cap.#02 – Crônica: “Um, Dois, Três… e a América é nossa outra vez” – Renato Cardoso

O sol despertou diferente. Ele nasceu ao som dos trompetes que abrem o hino do Flamengo, convocando uma nação inteira a acordar, um chamado (enquanto você lê esta parte, volte ao início e imagine a introdução do hino rubro-negro). Dia quente, embora a noite anterior tivesse sido chuvosa.

Mas o que tinha de tão especial assim? Simplesmente mais uma final de Copa Libertadores da América. O Flamengo estava na sua terceira final em quatro anos. Uma geração que iniciou em 2019 e vem sendo cada vez mais vitoriosa. Está certo que de vez em quando oscila, mas que time não oscila?!

O Brasil acordou com o clima do encontro de rubro-negros carioca e paranaense. Flamengo e Athlético Paranaense fariam mais uma final brasileira, a terceira seguida. A partida foi disputada em Guayaquil no Equador sob um calor escaldante das 15h da tarde (horário do Equador).

Os noticiários só falavam sobre o embate. Nas ruas as pessoas aguardavam ansiosamente. Muitos lembravam de 2019, quando o time carioca ganhou sofridamente, e de virada, o River Plate da Argentina; outros comentavam sobre a final de 2021 contra o Palmeiras e a vacilada de Andreas Pereira.

O clima era de otimismo. O time estava invicto no campeonato. Pedro era o artilheiro e Gabriel Barbosa tinha a tradição de marcar em finais. Afinal, teria gol do Gabigol? Os rubro-negros almoçavam vendo as cronistas esportistas na televisão. Muitos preparavam seus churrascos. Fogos de artifícios foram ouvidos o dia inteiro.

A felicidade tomava conta na nação. O calor e o dia bonito já eram prenúncios de um resultado positivo. Dez dias antes, o Flamengo havia sido campeão da Copa do Brasil sobre o Corinthians (ninguém queria que o time repetisse a mesma atuação, quando ficou apático, mas ganhou nos pênaltis).

As ruas iam se esvaziando. Nos bares começavam as aglomerações. As camisas rubro-negras pintavam o ambiente urbano tão acinzentado. Os ruídos de buzinas, obras iam dando lugar aos gritos da torcida, as conversas animadas. Grupos puxavam canções como se estivessem no Maracanã.

O relógio marcava dezessete horas. As equipes já estavam em campo esperando o apito do juiz. A partida começou. A equipe paranaense tentou iniciar assim como o Corinthians fez. A pressão atleticana marcou os quinze primeiros minutos. O Flamengo tentava manter a calma e tocava a bola.

O primeiro tempo parecia terminar empatado. Confesso que o jogo estava bem morno (acredito que todos nós esperávamos algo parecido com 2019). Quarenta e três do primeiro tempo, o zagueiro Pedro Henrique tomou seu segundo cartão amarelo, logo vermelho.

Athlético com um a menos. Felipão decidiu não mexer e aguardar o intervalo, mas esqueceu que o adversário era o Flamengo. O tempo normal já havia terminado, estávamos nos acréscimos. Everton Ribeiro começou a riscar o meio-campo e numa tabela ligeira com Rodinei, cruzou para área.

Quem estava lá?! Ele mesmo Gabigol. A bola passa pelo goleiro Bento e Gabriel só empurrou para o fundo das redes. Hoje teve gol do Gabigol. Flamengo 1×0. Final da primeira etapa. Os fogos se intensificaram, parecia Réveillon no Rio de Janeiro. Gritos de campeão se misturavam aos de gol.

Os quinze minutos de intervalos passaram voando e todos de volta concentrados na tela da televisão. O segundo tempo foi bem administrado pela equipe de Dorival Junior. A equipe carioca não precisava passar por alguns sufocos, poderia ter finalizado a partida antes, mas preferiu garantir o resultado que já estava no placar.

De toque em toque o tempo foi passando e apito final foi escutado. Flamengo tricampeão da Libertadores da América. O Brasil estava diferente. A América estava diferente. O mundo estava se curvando para uma geração diferente de jogadores que elevaram o clube a um outro patamar.

Foram 13 jogos, 12 vitórias e 1 empate, mais de 94% de aproveitamento, o segundo melhor da história, mas convenhamos a dizer que seria a melhor campanha, pois o Estudiantes teve 100% em 1969, mas só jogou quatro jogos (semifinal e final).

Flamengo campeão. Gabigol o melhor da partida e Pedro do campeonato. A nação vibrava de felicidade, enfim o Rio de Janeiro e o Brasil dormiriam felizes mesmo tendo eleições no dia seguinte.

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