Série – Histórias Avulsas – Cap.#01 – Crônica: “Nem política, nem copa – uma vez Flamengo, sempre Flamengo” – Renato Cardoso

Um final cinematográfico com a mistura de superação, magia e explosão, aliás isso é Flamengo.

Série – Histórias Avulsas – Cap.#01 – Crônica: “Nem política, nem copa – uma vez Flamengo, sempre Flamengo” – Renato Cardoso

A quarta-feira amanheceu diferente no Rio de Janeiro, me arrisco a dizer que amanheceu diferente no Brasil inteiro. Sentia-se um misto de tensão e de euforia. Era por causa de política? Não! Brasil iria jogar na Copa do Mundo? Não! Então, o que era?

O Clube de Regatas do Flamengo estava em mais uma final (aliás, de 2019 para cá, isso se tornou uma coisa rotineira). A Copa do Brasil era o campeonato e o Corinthians, o grande adversário. Não podemos negar que a alegria tomava conta e que um certo ar de favoritismo existia.

O primeiro jogo, em São Paulo, terminara igual. O placar de 0x0 era favorável ao Mengão, que decidiria em casa. Evidente que o Flamengo na final gerava um clima diferente. Um time diferenciado, com uma torcida também diferenciada.

Nas repartições, empresas e ruas só se falava sobre o jogo. Pessoas apostavam, outras secavam, e outras ficavam preocupadas. O dia foi passando, dentro da possibilidade, tranquilo. As horas caminhavam e o entardecer criava a ansiedade do rubro-negro.

Às 18h, todos começaram a sair de seus trabalhos ou estudos. Muitos foram para o Maracanã, outros para bares e outros para casa (eu preferencialmente gosto de assistir as finais sozinho). Grupos de WhatsApp debatiam as escalações e as variações táticas possíveis.

Fogos já começavam estourar. A torcida estava feliz. A novela, que não durava mais que 40 minutos, naquela quarta, durou uma eternidade. O povo ia preparando seus churrascos, suas bebidas e petiscos. A camisa rubro-negra tomava conta do cenário de uma noite quente, tipicamente carioca.

Olho para o relógio, eram 21h35. Times em campo. Coração disparado e olhar atento na televisão. Era o momento mais esperado da semana. O juiz apita o início. O Flamengo começou pressionando, chegando a ter mais de 70% de posse de bola. A torcida cantava e encantava, levando o time para frente.

Sete minutos do primeiro tempo, Arrascaeta, nosso maestro, se movimentou; Everton Ribeiro se deslocou e colocou Pedro na cara que gol, que com um chute passou por Cássio. O Maracanã e o país explodem de alegria. O perfume de campeão estava no ar. 1×0 no placar. A pressão continuou o primeiro tempo inteiro. Parecia que o segundo gol era questão de minutos.

Final do primeiro tempo. Intervalo. Momento de ir ao banheiro, de ligar para um amigo ou de comentar no grupo. 15 minutos eternos. Aplicativos de apostas sendo movimentos. Otimistas cada vez mais otimistas.

Segundo tempo iniciou. O Flamengo veio com um comportamento diferente e ruim. O time recuou. O Corinthians cresceu. Mas mesmo assim, o time carioca conseguiu marcar dois gols, mesmo sendo invalidados pelos impedimentos de Gabriel Barbosa.

Roger Guedes perdeu um gol, estilo Deivid, em baixo da trave. O coração quase parou. Infelizmente o time não avançou. O técnico português chamou Giuliano do banco, entrando no lugar do uruguaio Du Queiroz. Mal sabíamos o que aconteceria.

Aos 36 minutos do segundo tempo, escanteio e num bate e rebate na área, gol do Corinthians. Giuliano empatava a partida. Aquela lembrava na final da Libertadores de 2019 deve ter tomado conta da mente de diversos rubro-negros.

A esperança que Gabriel Barbosa fosse virar no finalzinho terminou quando o juiz apitou o final da partida. As unhas já estavam todas roídas. A disputa de pênaltis nos esperava. Tinha que ser sofrido, só assim seria Flamengo.

Felipe Luís foi o primeiro a bater e Cássio pegou. A sensação de derrota começou a tomar conta. Mais de 65 mil flamenguistas estavam presentes no jogo. O abatimento era normal. Mas o Maracanã tem a sua magia, que quando se junta com as cores do Flamengo se torna num coliseu de guerra imbatível.

Fágner foi para cobrança e o travessão nos salvou. A esperança voltou, a torcida acendeu. Os cinco principais batedores cobraram, terminado 4×4. Batidas alternadas. 5×5. Matheus Vital foi para cobrança e isolou. Chance de ouro para o Flamengo encerrar a partida. E quem foi escolhido? Rodinei.

Em um espaço de 30 metros, o contestado lateral foi andando (provavelmente um filme passou em sua mente). A consagração lhe foi dada. Bola ajeitada, torcida na expectativa. GOL!!! De contestado a herói. Um final cinematográfico com a mistura de superação, magia e explosão, aliás isso é Flamengo. A quinta-feira prometia ser colorida de vermelho e preto.

Link da imagem destacada: https://pixabay.com/pt/photos/brasil-futebol-flamengo-6755880/

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