Cleia Nascimento
Mãos quentes
Mãos quentes
Na fria metrópole,
Em constante vai e vem
Transeuntes frios
Desviam de automóveis
E de dedos vazios também
Dos incontáveis invisíveis
Que sobrevivem por ali
Perto da velha estação de trem.
No concreto da calçada
A tremer de calafrios
Encolhem-se em trapos
Em improvisados barracos
Ou em simplesmente nada,
Protegem-se com o que têm,
Imploram possível calor,
Um níquel de imensurável valor,
Vindo das mãos quentes de alguém.
Cleia Nascimento