Leandro Costa
MÃE CEGA
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/morcegos-asas-linha-arte-v%c3%b4o-5198131/
Quando a Noite engoliu profundezas e alturas
Direções, referências, limites e formas
Apagou pensamentos que já fumegavam
Despertando a mãe cega: a Ave do Nada
Pendurada na úvula que badalou
Desdobrando a capa dos braços alados
Embrenhou-se nas tripas da escuridão
Perscrutando com língua estranha o vale
Que guardava os frutos da reinvenção
Com carícia sorveu-lhes o sêmen maduro
Recolhendo o tributo da semeadura
Em orgástica bolsa de onde lançou
As estrelas cadentes de certo futuro
Que brotaram no solo da inconsciência,
Invisíveis, humildes, silentes e fortes
Insistindo, criando e aprimorando
No cadinho do tempo, trapaças à morte.